sábado, 29 de maio de 2010

Por que o amor não dá certo para mim ?

Com esta questão Maria Elisa chegou até meu espaço.
Uma moça com traços fortes e personalidade marcante, usando um terninho bem cortado, ela queria tratar nosso encontro com uma visão objetiva demais.

O que não combina muito com o tipo de terapia que ofereço.

Em Vidas Passadas as questões são sempre subjetivas, mas importantes.

Afinal, nossa alma é assim.

Desde quando as coisas da vida são controláveis, ponderáveis e objetivas?

Aliás, vamos perceber bem melhor a mão de Deus agindo em nossas vidas quando não conseguimos controlar o que nos acontece.

Expliquei para Maria Luiza como seria a nossa sessão e pedi que ela se entregasse ao encontro sem muitos julgamentos por que, ao concluir, cruzaríamos as informações trazidas pelas vidas passadas com suas questões do momento atual.

Logo que entrei em contato com o corpo sutil dessa moça pude perceber um pesado escudo protetor e, em seguida, a sintonia me levou a vidas de aprisionamento onde ela se sujeitou à vontade das pessoas que estavam à sua volta: pai, marido e sociedade.

A história de um casamento forçado com um homem escolhido pelo pai não trazia nenhuma novidade para mim, pois muitas mulheres ainda hoje estão tentando se libertar dessa vibração; no passado muitas de nós enfrentaram esta submissão.

O mundo era mesmo muito voltado à dominação masculina.

Felizmente vemos que hoje as coisas estão mudando, mas talvez até no equilíbrio da balança cósmica, muitas mulheres, como Maria Luiza, tentam assumir o leme da vida e caem nas redes criadas por elas mesmas.

Essa moça era rude, não mal educada, ela apenas não sabia se expressar com sutileza; seus modos eram pesados e dentro da barreira autocriada da objetividade, nem num encontro como o nosso ela conseguiu soltar suas armas.

Assim, o diálogo foi tumultuado e confuso, e só no final é que ela se soltou um pouco mais.

“Maria Silvia, isso tudo que você trouxe já conheço, não quero mais me submeter a ninguém.

Hoje me sustento, sou dona do meu apartamento e dou conta de mim mesma.

Por que você viu essas vidas tão sem graça?

É disso que quero me libertar.

O que quero mesmo é um amor!”, disse ela de forma ríspida.

“Sinto muito”, respondi logo, acrescentando que não podemos mudar nossa vibração apenas por que desejamos que isso aconteça.

Mudar a vibração não é um processo mental, pensei comigo mesma, mas como ela estava alterada esperei passar um pouco para explicar que a vibração muda quando mudamos nosso estado de espírito.

Quando percebi que ela estava mais receptiva expliquei também que é preciso mudar o sentimento, o humor.

Infelizmente sabia que sentindo tanta raiva da vida, ela não ajudava em nada o amor a dar certo. Aqui pergunto a você, como o amor poderia dar certo para alguém que não se dispõe a tratar bem as pessoas à sua volta?

Infelizmente, a situação não me permitia colocar tudo às claras para Maria Luiza e por conta dos sentimentos que vieram depois da sessão com ela refleti muito sobre o amor.

Lembrei das reações explosivas e mal educadas daquela moça e imaginei como ela se portava com seus amigos e parentes...

Como poderia lhe dizer que o Amor, como uma energia aberta e expansiva, não pode ser direcionado apenas a uma pessoa?

Aprendi com os Mestres de Luz que o amor é algo generoso, sem impedimentos, e que quando fechamos o fluxo do amor e queremos apenas receber de uma pessoa ou nos ofertamos apenas a alguém, é certeza de que não vai dar em nada.

Para receber amor é preciso dar, abrir, expandir, olhar o outro, não apenas o fruto do nosso afeto.

Precisamos abrir o coração e olhar o pobre que precisa de nossa oferta de comida, o irmão que espera um telefonema, o filho que quer atenção, o colega de trabalho que com um sorriso talvez se sentisse mais acolhido e mais próximo.

Maria Luiza era uma mulher bonita fisicamente, mas muito fechada para o espiritual.

Assim, seu corpo de luz estava escuro, negativo e pesado e suas relações não eram afetuosas porque ela não agia assim.

Dessa forma, se sentindo ferida pela vida ao invés de abrir e tentar compreender o que estava errado, colocava-se como vítima do destino e estava com muita raiva dos homens.

Sugeri que ela fizesse uma meditação de abertura e que procurasse fazer as pazes com as pessoas do passado perdoando uma a uma pelo abandono, que foi outro padrão que trouxemos ao consciente.

Ela me garantiu que não se importava mais com os homens que saiam da sua vida sem explicações, mas ficava claro que ela não estava querendo admitir sua frustração.

Sugeri que ela fizesse uma meditação por 21 dias acendendo uma vela para seu anjo da guarda, um incenso para ajudar a concentração e ainda que escrevesse uma carta com todos os seus conflitos e dores para Deus.

Pedi que ela escrevesse tudo, limpando o coração, todas as dores, mágoas.

Depois queimasse a carta, pedindo que seu coração fosse limpo e que ela se sentisse mais leve.

Todos sabemos que o perdão é um canal profundo de libertação, mas a maioria de nós concorda que não é fácil perdoar.

Sei de muita gente que perdoa para fora, entende os motivos do outro e até aceita a situação, mas não consegue evitar o sofrimento interior quando se sente desvalorizado, traído, mal amado.
Lógico que não devemos culpar as pessoas que se sentem assim, pois estão aprisionadas ao sofrimento, mas não podemos negar que a energia fica suja, feia e que mesmo não entendendo profundamente do assunto, quem está perto se afasta por que não é agradável conviver com alguém de mal humor.

Como os Mestres ensinam, “semelhante atrai semelhante”.

Assim, ao nos trabalharmos para afinarmos nossa vibração, uma hora vamos atrair para nossa vida outros que também estejam querendo melhorar.

Já que mundo perfeito não existe, que haja pelo menos em nossas vidas a boa intenção de quem quer se aperfeiçoar.

Maria Luiza saiu bem melhor do nosso encontro.

Sugeri uns banhos de ervas para ajudar no processo de limpeza, mas deixei claro para ela que o processo aconteceria de dentro para fora, e que muito do sucesso dessa empreitada dependeria de suas atitudes dali para frente.

Pois sempre é assim, a alegria depende de nós!



Maria Silvia Orlovas

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