Os jornais abrem manchetes sobre os casos fatais.
Mais de dez laboratórios já estão pesquisando remédios e vacinas.
Cada um de nós acompanha atentamente a evolução dos fatos, e também dos boatos, que não são confiáveis mas dão muito assunto.
Fica assim combinada a vida: a qualquer momento podemos sofrer a invasão de um poderoso inimigo.
Será?
Melhor não.
Mas como não?
Escrevo para minha amiga Lena Peres, médica infectologista, que responde:
“A melhor recomendação é evitar aglomerações, fazer uma boa hidratação e cultivar o contentamento – virtude que aumenta as defesas do organismo.”
Grande sabedoria!
O ar que circula num ambiente cheio de gente não é mesmo lá grande coisa, e pode sim estar cheio de agentes irritantes para as mucosas do pulmão, além de micróbios de todo tipo e tamanho.
Boa hidratação significa água em quantidade, água que limpa, lava, refresca, ajuda a renovar as células e é essencial à vitalidade de todos os tecidos, inclusive respiratórios.
E o contentamento, bem...
O contentamento é simplesmente uma das chaves da vida.
Para começar, se há contentamento não há medo.
E se não há medo, qual é o problema?
Um vírus, por pior que seja, jamais será significativo para a pessoa que está bem.
Como disse a doutora, tudo pode ser apenas uma questão de estar com as defesas em ordem.
Em se tratando do ser humano, defesa quer dizer zilhões de pequenas células espalhadas por todo o corpo, prontas a neutralizar a ação de qualquer micróbio; mas quer dizer também pensamentos e sentimentos positivos, que reafirmam a confiança na vida e não dão espaço para ansiedade.
Em psicologia é sabido que certas pessoas têm perfil de vítima.
Saem à rua tão convencidas de que podem ser assaltadas que atraem o assaltante.
Se forem visitar alguém que está com gripe, saem espirrando.
“Ué”, alguém vai dizer, “mas isso é comum, gripe pega!”
Pega quem?
Quem está predisposto a ser pego, ora essa.
E também não pega assim de uma vez.
Vai encostando, dá uma indisposição, uma vontade de se enfiar na cama, um friozinho, uma leve dor de garganta – e aí é que se vê quem comanda o barco.
“É na tempestade que se conhece o timoneiro”, diz o ditado.
Se o corpo está dando todos os sinais de que precisa descansar, e a gente não descansa, está querendo gripe.
Se, ao contrário, a gente respeita o que está sentindo e descansa, toma um caldinho quente, se agasalha, corta os excessos e fica contente por poder fazer isso, em pouco tempo tudo vai bem de novo.
Foi dada ao organismo a oportunidade de se auto-regular, e ele agradece.
Alimentação pobre em nutrientes e rica em gorduras, laticínios, açúcar, produtos químicos, álcool e toxinas; stress, falta de sono, falta de atividade física, falta de afeto e outras emoções nutritivas; e exagero nas temperaturas artificiais, como o ar-condicionado gelado, tudo isso nos desregula.
Ainda mais no outono, cujo ar mais seco favorece gripes, tosses, resfriados.
Um vento fresco sopra de repente e pede sempre um casaquinho ou uma écharpe para não entrar pelos ombros e atingir o interior do corpo.
É hora de colocar mais uma colcha na cama, e meias de algodão para dormir com os pés quentinhos.
Gripes acontecem quando o estado geral de cansaço, poluição e muco interno transborda.
As mucosas já estão inflamadas.
É isso o que dá oportunidade ao pobre do vírus, coisinha ridícula que nem corpo tem, e a bichos maiores e mais ocultos, diria mesmo ocultíssimos, como lombrigas, amebas, giárdias, solitárias, estrongilóides, oxiúros, tricuros, fascíolas e muitos mais, que se estabelecem em qualquer parte de nós e se multiplicam, com larvas que muitas vezes atravessam o delicado tecido do pulmão e coisas piores.
Qualquer pneumonia sem causa óbvia obriga a investigar a "síndrome de Loefler", ou: presença de infecção por helmintos possivelmente afetando o pulmão.
Na medicina tradicional chinesa o outono é a estação dos pulmões, que dão ritmo e ordem à vida – ou depressão e melancolia, se estiverem fracos e sem energia.
Reina a força de Metal, que tem a ver com tesouros e colheitas.
Estação muito boa para concentrar os esforços, concluir processos e... tratar dos vermes, já que pulmões e intestinos trabalham juntos.
É um tempo de maturidade.
A capacidade de realização do ser humano se apresenta como tranquilidade, paz, confiança nos processos de renovação da natureza.
A gente olha para dentro e reconhece quem é.
Faz o que tem que fazer e fica contente.
Pronto.
Por Sonia Hirsch
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