sábado, 29 de maio de 2010

Calêndula para a pele


Testes realizados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da USP, revelaram que o extrato da calêndula (Calendula officinalis), planta originária da região mediterrânea entre Europa, África e Ásia, é eficaz para proteger a pele contra os efeitos da radiação ultravioleta emitida pelo Sol.

Experiências realizadas com animais mostraram que as formulações contendo o extrato de calêndula reduzem o estresse oxidativo causado pelos raios solares, promovendo efeito fotoprotetor e retardando o envelhecimento da pele.

Proteção contra radiação solar

A calêndula foi adaptada às condições climáticas do Brasil e, segundo a farmacêutica Yris Maria Fonseca, é usada popularmente como agente anti-inflamatório tópico contra queimaduras, especialmente as provocadas pelo Sol.

"O estudo verificou se o extrato de calêndula também seria eficaz contra os danos causados pela radiação solar, comprovando cientificamente um de seus usos populares", conta Yris, que é uma das responsáveis pelo estudo.

Os experimentos foram realizados com camundongos de laboratório geneticamente modificados, sem pelo, que tiveram lesões induzidas por luz ultravioleta.

"Verificou-se o estresse oxidativo, alterações na morfologia do tecido e das células e a presença de inflamação da pele", aponta Yris.

"As análises mostram que o extrato de calêndula, administrado por via oral ou tópica, foi eficaz para prevenir o estresse oxidativo causado pela radiação solar."

Na pesquisa, foi possível inibir totalmente o estresse oxidativo, deixando a pele dos ratos semelhante à de animais que não receberam radiação.

"O extrato também estimulou a síntese de colágeno, o que pode evitar o aparecimento de sinais característicos de pele envelhecida, como rugas e perda de elasticidade", acrescenta a farmacêutica.

Extrato de calêndula

De acordo com Yris, o extrato de calêndula apresenta uma grande quantidade de flavonoides e polifenóis, substâncias com reconhecido potencial antioxidante.

"Acredita-se que a redução do estresse oxidativo aconteça não por causa de um composto isolado, mas devido ao efeito sinérgico entre as substâncias presentes no extrato de calêndula", explica.

No estudo, a calêndula foi testada em três formulações diferentes, sendo que uma formulação do tipo gel apresentou melhor desempenho para fotoquimioproteção.

"Para que o produto seja disponibilizado comercialmente, serão necessários novos testes, relacionados à segurança e toxicidade, entre outros aspectos", observa a farmacêutica.

Calêndula contra o câncer

O extrato também passou por testes de citotoxicidade, realizados em duas linhagens de células tumorais e uma de células normais.

"O maior efeito tóxico foi registrado nas linhagens tumorais, preservando a normal, o que demonstra o potencial para o tratamento de câncer", aponta Yris.

"Entretanto, este é um resultado preliminar, que precisará ser confirmado em estudos específicos".

A pesquisa sobre os efeitos da calêndula em lesões agudas provocadas pela radiação solar faz parte da tese de doutorado de Yris, realizada no Laboratório de Controle de Qualidade de Medicamentos e Cosméticos da FCFRP.

O trabalho teve a orientação da professora Maria José Vieira Fonseca, da FCFRP.

Em sua pesquisa de pós-doutoramento, a farmacêutica irá investigar o efeito fotoquimioprotetor da calêndula sob a radiação exposta cronicamente, em longo prazo.

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