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segunda-feira, 18 de abril de 2011
Entrevista com Cesar Milan
Você tem planos de adotar um novo cão ? (Cesar perdeu um cão muito amado recentemente)
Sabe, estou pensando em criar uma matilha ao redor do mundo .
Quando eu for para o Afeganistão ,resgato um cão de lá e gravo todo o procedimento.
Este é o processo agora, é a matilha internacional.
Ir para a Grécia, e a todos os locais onde cães necessitam resgate .
O que eu amo é criar esperança em locais onde você não vê esperança.
Para aprendermos com os cães que eles nos perdoam.
De onde mais viriam os cães da matilha internacional?
Índia – tem muitos cães lá.
Quero ir para a China .
Quero ir a locais onde é tabú , onde cães não são animais de estimação , são comida. Talvez eu consiga mudar a mentalidade das pessoas.
Talvez eu consiga mostrar a empatia e a compaixão que cães tem em outras partes do mundo , assim as pessoas veriam isso de outra forma.
O programa passa em 105 países atualmente.
Estou na América há 16 anos.
O país me recebeu extremamente bem, eles sabem que Cesar é americano.
Eu posso semear outros encantadores de cães ao redor do mundo .
Então neste momento , é algo bastante universal .
Cães não sabem o que você faz para sobreviver e nem sabem o que você fala.
Eu posso falar com o presidente Obama , com a Oprah, e os cães não sabem.
Essa é a beleza .
Eu não preciso falar chinês com um cão na China .
Não preciso falar russo com um cão na Russia , sabe?
É a linguagem universal.
Cães não se importam com seu viés político , sua religião , ou sua raça.
Eles realmente focam no seu lado universal.
Você acha que os cães estão se adaptando melhor ao modo em que vivemos?
Acho que os humanos estão melhorando .
A questão não são os cães – eles realmente estão sempre prontos para fazer o que é melhor para você.
Eles querem agradar.
Querem fazer parte do relacionamento.
Quanto mais os humanos tiverem consciência do que devem fazer, do quão conscientes eles devem estar , o cão apenas espelha este comportamento.
Cesar Milan
Entrevista por Cathy Newman
Você pode ensinar novos truques a um cão
velho ?
Eu faço isso o tempo todo.
Qualquer cão pode ser reabilitado.
Eles podem ter 10,11,12,13 – desde que a mente seja jovem.
Qual é o maior erro que cometemos com os cães?
Nós os humanizamos. Nós falamos com eles como se fossem gente. Nós usamos os cães para nossas ânsias emocionais.
Um cão não sabe que vive em Beverly Hills ou quanto gastamos com ele. No México , a Petco nunca iria ganhar a mesma quantia de dinheiro .
Eu uso uma coleira de 35 centavos – um pedaço de cordão.
É sempre sobre nós .
Animais precisam trabalhar por água e comida.
Aqueles que conseguem água e comida apenas porque são fofinhos – estes são meus clientes.
Porque as pessoas se importam mais com determinadas raças?
Tem a ver com o que elas necessitam de outro humano , mas não conseguem , então elas encontram em um cachorro.
Então você teria um pit bull porque? Porque representa força , poder, masculinidade – como dirigir uma Ferrari . E um filhotinho pequeno e peludo?
Porque é feminino . É decorativo.
Então, nós vestimos a nós mesmos no final da guia ?
Eu vou a uma casa e não preciso ouvir muito .
Eu vejo o cão , e eu sei quem você é.
É um espelho.
Parece então que seu método de corrigir os problemas dos cães é corrigir os problemas do dono , e treiná-lo para guiar seus cães , e não o contrário.
Se você não falar a um cão o que fazer, ele lhe dirá o que fazer.
Meus clientes são poderosos , tem graduação em Harvard , dirigem estúdios Fox , Oxygen, Disney , eles dirigem o mundo , mas não conseguem controlar um cão.
Você não pergunta a um cão se ele gostaria de dar uma voltinha .
Você coloca a guia e vai.
Um cão é primeiro um animal, depois um cão, depois uma raça e por fim, seu nome.
Como uma pessoa como a Oprah, que presumidamente sabe como ser uma líder de matilha , se enfraquece quando se trata de seus cães?
Porque o objetivo muda.
Não é o que eu posso fazer por Sophie´( o cão dela ) assim como ´o que Sophie pode fazer por mim´.
Sophie preenche os espaços vazios.
É a forma errada de começar um relacionamento .
Amor incondicional não é suficiente para controlar um cão .
Cães não seguem líderes emocionais .
Eles seguem líderes dominantes.
Nós somos a única espécie que segue líderes instáveis.
E os cães de presidentes?
Quando você vê o Presidente dos Estados Unidos saindo do Força Aérea Um , você sempre vê o cão na frente.
Quando você vê o Presidente entrando na Casa Branca, você vê o cão entrando na casa primeiro .
Bill Clinton não conseguia controlar seu labrador.
Nancy Reagan teve que deixar seu cão em uma Rancho da família Reagan.
Você não pode deixar uma raça poderosa assumir a guia.
Se você fizesse isso com um Pitbull , não haveria presidentes para encontrar.
Há alguma criatura que você não consegue reabilitar?
Meu pai .
Ele vive no estado mental da ´zona de alerta´.
Eu queria que ele falasse para minha mãe ” Eu gosto de você.
Obrigada. Eu te amo” .
Mas ele não consegue , não na cultura machista do México.
Você não poderia levar seu pai para uma volta e trabalhar estas questões?
Não.
Ele iria fugir .
Como seus pais se sentiram a respeito de sua escolha profissional?
Eles queriam que eu me tornasse um profissional .
Um médico, advogado, arquiteto.
Como seu pai se sente agora que você conseguiu?
Ele ainda não entende porque os americanos me pagam para andar com seus cães.
E sua mãe?
Ela me amaria mesmo se eu limpasse banheiros .
E eu fiz isso também, quando cheguei aqui pela primeira vez.
Algum de seus irmãos realizaram os desejos que eles tinham?
Meu irmão está estudando para ser arquiteto , e eu ajudo a pagar seus estudos.
Ou os cães ajudam.
Quais as lições que aprendemos com os cães?
A viver o momento.
Honestidade , lealdade, integridade.
Cães nunca te apunhalariam pelas costas, ou mentiriam para você.
Então quem é o animal mais comportado – o homem ou os cães?
Ah, os cães.
Cães pensam e sentem?
Eles sentem – são instintivos.
Eles não pensam, se não eles nos processariam .
” Meritíssimo , eu não tenho sido levado para passear faz cinco anos” …
Seu método funciona com outros animais?
Funciona com qualquer coisa que seja orientada pela matilha : porcos, cabras, cavalos.
Você compreende gatos?
Não.
Onde você quer levar sua mensagem agora?
Nós enviamos nossa cultura ao redor do mundo , e o modo como tratamos os cães está acontecendo no Japão.
É uma boa coisa que eu gosto de sushi !
Depois do Japão, eu devo ir para a Inglaterra.
Se pudesse escolher, quem você gostaria de ter em sua matilha, Lassie ou Rin Tin Tin ?
Rin Tin Tin.
Um Pastor Alemão é mais parecido comigo : competitivo, territorialista e dominante.
Cesar Millan, o encantador de cães
Entrevista exclusiva com o profissional, autor do livro "O Encantador de Cães", considerado best seller em vários países.
“Eu reabilito cães e treino pessoas”, este é o principal argumento de Cesar Millan, especialista em comportamento canino e autor do livro “O encantador de cães”, que está sendo considerado um best seller deste segmento em vários países, já tendo sido o melhor dos Estados e, atualmente, sendo um dos mais vendidos no Brasil. Com diversas participações no programa The Oprah Winfrey Show, além de clientes que incluem celebridades do cinema e um programa americano de TV de grande popularidade, Cesar Millan é o especialista mais requisitado dos Estados Unidos neste segmento, sendo considerado um treinador no sentido comum da palavra: sua capacidade quase mágica de lidar com os cães vem da profunda compreensão que ele tem da Psicologia Canina.
No livro, ele conta como aprendeu a entender o comportamento canino e compartilha sua sabedoria, ensinando o leitor a construir um relacionamento mais profundo e satisfatório com seu companheiro de quatro patas.
Fundador do Centro de Psicologia Canina, em Los Angeles, Cesar Millan apresenta o programa Dog Whisperer, do National Geographic Channel. Em 2005 foi premiado pela National Humane Society, a maior organização norte-americana de proteção aos animais, por seu trabalho de reabilitação de cães abandonados. Nascido em Culiacán, no México, César vive em Los Angeles com a esposa, Ilusion, e os dois filhos, André e Calvin.
Revista Pequenos Cães - Há quanto tempo você trabalha com Psicologia Canina?
Cesar Millan - Quando criança, comecei a observar os cães que viviam e trabalhavam na fazenda do meu avô, em Culiacán, no México. Foi meu avô quem me ensinou a lição mais importante que aplico ao que faço hoje em dia: “Nunca trabalhe contra a Mãe Natureza”.
Pequenos Cães - Quando e por que você decidiu trabalhar com isso?
Cesar Millan - Eu sempre quis trabalhar com cães. Quando criança, eu era fascinado pela Lassie, pelo Rin Tin Tin e pelas pessoas que os treinavam nos bastidores. Decidi que me mudaria para os Estados Unidos para me tornar o melhor treinador de cães do mundo. Mas, quando me mudei para os EUA, logo percebi que eu queria algo mais profundo do que ensinar comandos básicos aos cachorros, então comecei a me focar em ajudar as pessoas a resolver os problemas de comportamento de seus cães, restaurando o equilíbrio natural da mente canina.
Pequenos Cães - Seu trabalho sempre foi reconhecido? Se não, por que é agora?
Cesar Millan - Meu trabalho começou a ser notado quando eu trabalhava num pet shop em San Diego. Minha habilidade para lidar até mesmo com os cães mais difíceis e problemáticos começou a ser percebida pelos clientes, que vinham me pedir ajuda para resolver os problemas de comportamento de seus animais.
De San Diego me mudei para Los Angeles, onde consegui clientes que incluíam muitas celebridades, como Oprah Winfrey, Will Smith e Jada Pinkett Smith, Denise Richards, Nicolas Cage e Scarlett Johansson. Meu trabalho começou a ser reconhecido por jornais e revistas, então acabei conseguindo meu próprio programa de TV, Dog Whisperer, e um livro que virou best seller do New York Times, “O encantador de cães”.
Desde então, já dei centenas de entrevistas a rádios e para a mídia impressa, incluindo os jornais New York Times e USA Today e a revista The New Yorker, e participei de programas de TV como The Oprah Winfrey Show e The Tonight Show with Jay Leno. Meu livro seguinte, Be the Pack Leader (Seja o líder da matilha) ao Adestrador de cães, foi lançado em outubro nos Estados Unidos.
Pequenos Cães - Como podemos entender a Psicologia de nossos cães? Como isso funciona?
Cesar Millan - Muitas pessoas cometem o erro de pensar em seus cães como seres humanos com casacos de pêlos.
Os cães têm necessidades e desejos diferentes dos nossos. Eles interpretam o mundo de maneira diferente. Para compreender a Psicologia Canina, é preciso entender essas diferenças e tratar seu cachorro como um cachorro!
Pequenos Cães - Como você descreveria a evolução no relacionamento entre o homem e o cachorro?
Cesar Millan - O relacionamento entre o homem e o cachorro começou como uma relação de trabalho: os cães recebiam nossas sobras de comida e em troca nos ajudavam a caçar, a manter os animais da fazenda no caminho certo e a puxar equipamentos pesados demais para os seres humanos.
Os cães tinham tarefas, como farejar, capturar a presa, pastorear e correr. Hoje, a maioria dos cachorros são animais de companhia. São mimados com camas confortáveis, brinquedos, guloseimas e carinho. Esses cães têm os mesmos instintos inatos de explorar novos territórios, vagar pelas redondezas e procurar alimento, mas, para muitos, essas necessidades não estão sendo satisfeitas. É por isso que, na sociedade moderna, muitos cães desenvolvem problemas comportamentais, como agressividade, ansiedade, medo, obsessões e fobias.
Pequenos Cães - O cachorro é feito à imagem e semelhança de seu dono?
Cesar Millan - Os cães são nosso espelho. Eles captam nossas emoções, mesmo quando nós mesmos não as percebemos! A linguagem dos cães – e de todos os animais – é a da energia.
Quer percebamos isso ou não, estamos constantemente nos comunicando com nossos cães por meio da nossa energia. Se estamos nervosos, eles ficam nervosos; se estamos tensos, eles ficam tensos; se estamos agitados, eles ficam assim também. É por isso que é tão importante manter uma energia equilibrada perto do seu cachorro.
Pequenos Cães - Como podemos construir um bom relacionamento com nossos cães?
Cesar Millan - Confiança e respeito são os ingredientes mais importantes de qualquer relacionamento saudável, e é por aí que devemos começar com nossos cães. Na sociedade moderna, muitos donos de cachorros já conquistaram a confiança, mas ainda não têm o respeito de seus cães, porque não exercem o papel de líderes. Os cães se beneficiam quando seus donos exercem a liderança calma e assertiva.
Satisfazer as necessidades do animal em relação a exercícios, disciplina e carinho, nessa ordem, também é essencial para manter um bom relacionamento com ele. Eu recomendo que as pessoas levem o cachorro para passear duas vezes ao dia, por pelo menos trinta minutos de cada vez. Caminhar com o cão é a ferramenta mais poderosa para se conectar com ele.
Pequenos Cães - Como os animais podem mudar seus comportamentos e atitudes?
Cesar Millan - Os animais mudarão de comportamento quando os humanos também mudarem. Os cães baseiam seu modo de agir em nossa maneirade proceder. Se nós não agirmos como líderes da matilha, eles tentarão preencher esse papel. Se estivermos tensos e nervosos, eles ficarão tensos e nervosos. É nossa responsabilidade compreender as necessidades deles e satisfazê-las.
Pequenos Cães - Como posso saber se estou dando ao meu cachorro aquilo que ele realmente precisa?
Cesar Millan - Se o seu cachorro não estiver obtendo aquilo que ele necessita em termos psicológicos, ele vai demonstrar isso de alguma forma! Ele vai expressar a própria frustração por meio de problemas comportamentais, como agressividade, ansiedade, medo, obsessões ou fobias. Em termos de necessidades biológicas, é responsabilidade do dono certificar-se de que o cachorro tenha sempre água limpa, alimento e cuidados veterinários.
Pequenos Cães - Como escolher um cachorro que seja adequado para mim e para minha família?
Cesar Millan - Basta encontrar um cão com a energia certa. Uma pessoa que gosta de caminhadas enérgicas e trilhas provavelmente vai se dar bem com um cão maior, de energia alta, enquanto alguém que prefere passear sem pressa pode se dar melhor com um cachorro mais calmo. Tenha em mente que a raça não é tudo. Cada cão nasce com um nível de energia – muito alto, alto, médio ou baixo. Passe um tempo com o cão que você está pensando em adotar e observe se o nível de energia natural dele é compatível com o estilo de vida de sua família.
Pequenos Cães - Qual é a diferença entre disciplina e punição?
Cesar Millan - Disciplina tem a ver com estabelecer regras, limites e restrições. Todo mundo precisa de algum nível de disciplina para sobreviver. Ela nos ajuda a alcançar nossos objetivos. Assim como os seres humanos, os cães também necessitam de disciplina. Eles precisam saber quando acordar, quando comer e como interagir uns com os outros e com os seres humanos.
Os cães devem encarar as conseqüências quando quebram as regras – é isso que eu chamo de correções. Mas a disciplina e as correções não são punições. Para mim, a punição é algo associado com um ser humano furioso que desconta sua frustração no cachorro. Lembre-se: os cães não raciocinam, eles reagem.
Nunca corrija seu cão por estar com raiva ou frustrado – e nunca, jamais bata no animal. A violência nunca é aceitável. Quando você tenta corrigir seu cão com raiva, você geralmente está mais fora de controle do que ele. Assim você estará satisfazendo suas próprias necessidades, não as do animal. O cão vai sentir sua energia instável e o comportamento indesejado pode piorar.
Pequenos Cães - Você tem animais de estimação? Como eles são?
Cesar Millan - Claro que sim! No Centro de Psicologia Canina, nós cuidamos de muitos cães, de vinte a quarenta por vez. Minha esposa, meus dois filhos e eu também temos alguns cães em casa. No momento temos uma Chihuahua chamada Coco, um Cão de Crista Chinês chamado Luis, um Buldogue Francês chamado Sid e um Pit Bull chamado Daddy.
Nossos agradecimentos a Cesar Millan pela entrevista e à Verus Editora, sua editora no Brasil, que viabilizou esta entrevista exclusiva.
http://www.pequenoscaes.com.br/materia_exclusiva/entrevista_cesar_millan.php
O Encantador de Cães
Um Livro de César Millan
Quando chega um livro novo sobre cães, especialmente sobre comportamento ou sobre treinamento, nós ficamos super interessados e curiosos.
Muitas vezes perdemos o entusiasmo rapidamente, pois parece que é difícil surgir algo realmente novo nesta área.
Quando saiu o Encantador de Cães ficamos bastante animados, pois já conhecíamos o trabalho de Cesar Millan, o autor, pela televisão (um programa da National Geographic também chamado Dog Whisperer – O Encantador de Cães) e pela coleção de DVD’s da primeira temporada deste programa que adquirimos para estudo e discussões entre treinadores conhecidos (os DVD's ainda não estão disponíveis no Brasil).
Na série The Dog Whisperer César não detalha passo-a-passo o seu programa de reabilitação dos cães problemáticos (será que são os cães que têm problemas?), mas ele mostra que existem soluções para os casos apresentados e que a maioria destas soluções passa por uma mudança na rotina da vida do peludo.
Não deixa de ser reconfortante ver que um profissional de sucesso e projeção nos Estados Unidos aplica basicamente a mesma linha de atuação que a BitCão, embora nossas técnicas sejam, algumas vezes, diferentes.
Aliás, se tem uma frase que eu gostaria de “tomar emprestada” para a BitCão é: “Eu treino pessoas e reabilito cães”.
Essa frase define totalmente a nossa filosofia de trabalho há 10 anos.
Atenção: Este não é um livro sobre treinamento de cães. César não é um treinador, é uma pessoa que trabalha como consultor de problemas comportamentais.
Se você é daquele tipo de leitor que quer ir direto ao ponto para descobrir como é que se recupera um cão cheio de manias vai ter que ter paciência com O Encantador de Cães. O livro não é bem como o programa da tv que já vai logo perguntando para o dono qual é o problema e em seguida mostra como é possível manejar o peludo (no The Dog Whisperer cada programa tem duração de menos de 30 minutos, onde são apresentados 2 casos diferentes).
No livro César aproveita para contar um pouco da sua história, do seu amor pelos animais que surgiu desde menino, e de como foi a sua chegada nos Estados Unidos como imigrante ilegal.
Sem dúvida é um relato interessante, pois dá dimensão ao “personagem” César, e vê-se que ele teve muita sorte de encontrar as pessoas certas na hora certa, mas que também se dedicou bastante para superar todas as dificuldades que encontrou, e que foi bastante inteligente para aproveitar as oportunidades e para se adaptar à sua nova realidade e ao seu novo mundo.
Não deixa de ser um paralelo perfeito para os donos de cães que têm problemas com seus peludos, pois mesmo que tenham tido a sorte de encontrar um bom profissional na hora certa, nada vai funcionar se estes donos não se adaptarem a sua nova realidade e se não arregaçarem as mangas para trabalhar duro com seus cães.
A propósito, não espere modéstia por parte do autor.
Ele não é modesto.
Também não espere encontrar simpatia e compaixão nas suas palavras para com os donos de cães rebeldes.
César deixa bem clara a sua filosofia: Se o cão tem problemas o problema é o dono!
Não, ele não quer dizer que dono causa problemas psicológicos e comportamentais nos cães intencionalmente, mas ele mostra que em muitos casos a origem dos comportamentos inadequados está firmemente plantada em uma relação onde o dono não fornece o que é realmente importante na vida do cão e que pensar que seu peludo é uma criança, ou um humano que se comunica ligeiramente diferente de nós vai fazer com que este animal perca a sua referência e se torne um bicho confuso, e impossível de se conviver.
Cesar explica que os cães precisam de três coisas na vida para serem saudáveis física e mentalmente: Exercício, Disciplina e Afeto, e enfatiza exaustivamente: Nesta Ordem!
Também são três as regras que ele pede que o dono do cão observe para manter controle de qualquer ferinha canina: regras, limites e restrições (a tradução destas palavras não é muito feliz em português)
Por que o livro vale a pena ser lido?
Mesmo que você tenha ouvido falar que o livro demora a “engatar” no assunto específico sobre cães, dê uma chance ao Encantador de Cães e leia este livro com atenção.
A experiência e o sucesso de César não devem ser desprezados, e sua técnica repetitiva de bater sempre nos pontos chaves da sua filosofia de reabilitação canina é uma ferramenta interessante para vencer os mais resistentes (acredite-me, por incrível que pareça, muitas pessoas que precisam de ajuda com seus peludos são as mesmas que se negam a enxergar seus problemas e que esperam que as coisas se resolvam sozinhas) e reforçam conceitos importantes.
As Críticas:
Muitas das críticas feitas sobre o método do César são facilmente debeladas se prestarmos atenção nas suas palavras ou se assistirmos seus vídeos.
Um dos pontos que é alvo das criticas é de que César faz tudo parecer muito simples, limitado a uma única regra em que o culpado é sempre o dono do cão.
Ele sem dúvida usa esta afirmação para criar impacto, mas quando César atende seus clientes ele não deixa de explicar para os donos que as necessidades básicas daquele cão não estão sendo atendidas (normalmente a falta de exercício é a principal causa, seguida de perto da falta de regras claras estabelecidas pelos humanos e não pelo cão) e ele nunca está errado.
Mesmo quando o cachorro parece ter problemas comportamentais que não parecem estar diretamente relacionados com o programa de soluções sugerido por César, ao exercitar o peludo e estruturar a vida dele com disciplina e rotina o comportamento do bichão melhora consideravelmente e ele demonstra isso na prática.
Talvez ele escolha bem os casos que pretende apresentar (mas quem não iria ?), mas mesmo que seja este o caso, tenho certeza de que todas as pessoas com cães “difíceis” conseguem se identificar com estas situações.
Parte da “culpa” por este tipo de crítica me parece originada no estilo adotado por César para apresentar algumas de suas idéias. Em um primeiro momento parece que ele faz uma afirmação simplista demais, radical demais, ou totalmente equivocada, mas quando prosseguimos na leitura podemos observar que a afirmação original foi feita com o objetivo de criar um grande impacto na pessoa que está lendo (até mesmo achando-a incorreta) e que a explicação dada nas páginas seguintes são coerentes e corretas.
Para citar um exemplo do livro que me incomodou por um bom tempo é quando ele parece defender que as raças têm pouca importância no papel do comportamento dos cães.
- “.... é um engano se preocupar com a raça quando se lida com problemas comportamentais”.
Como assim?
Ele vai querer me convencer que Beagles não são teimosos quando querem alguma coisa? Que Terriers não tendem a ser agressivos com outros animais?
Que Rottweilers não costumam ser dominantes e territoriais?
Hummmm, não é tão simples assim, meu caro César!
E logo ele me prova que é simples assim, se tivermos atenção nos detalhes da leitura e se olharmos a questão pelo ponto de vista dele.
Outra crítica que costuma aparecer é de que Cesar é cruel na sua abordagem com os cães.
Sinceramente, a BitCão é taxada de ser “melosa” demais com seus alunos peludos e eu nunca vi nos vídeos do Cesar, ou nas técnicas defendidas em O Encantador De Cães, nada que pudesse ser considerado crueldade.
Alguns casos nós trataríamos de uma forma mais lenta e cheia de intervalos para premiações com carinhos e até petiscos, mas chamar Cesar de cruel me parece fora de propósito.
Rígido? Pode ser. Disciplinador? Sem dúvida, mas não de forma injusta ou cruel. Intimidador ou desafiador? Definitivamente não.
E mesmo nas correções mais “duras” como quando um cachorro tenta mordê-lo ou quando um cão ataca outro, Cesar não usa de nenhum recurso de correção bruto ou que um cão não tem capacidade de entender como parte natural do comportamento de um outro cão dominante.
Pode parecer muito duro para um dono acostumado a ver seu peludo como um bebê, mas não é para o cão.
CRUELDADE PARA O CÃO É NÃO SER EXERCITADO, É NÃO TER UM DONO DE COMPORTAMENTO CONSTANTE, É SER DEIXADO SOZINHO POR MUITAS HORAS SEGUIDAS COM POUCO ESTÍMULO FÍSICO E MENTAL.
Para mim, a respeito dos métodos adotados por Cesar Millan, a parte mais dura é justamente quando ele assume o tão propagado e difundido “papel de líder da matilha”.
Ou seja, ele, como líder de matilha, não dá muita “bola” para os cães de sua matilha.
Não oferece carinhos nem favorecimentos.
Não tem prediletos, nem mima os cães que estão sob sua guarda. Cesar mantém a ordem, a disciplina, e a harmonia com a sua postura calma e assertiva, com a sua presença, e com a exigência de que todos se mantenham calmos e submissos.
Ele cobra de seus cães, mas também dá os meios e os deixa serem simplesmente cães, em toda a sua exuberância.
Cesar deixa claro que você pode “afrouxar” as regras se o seu peludo é do tipo naturalmente calmo e submisso, ou seja, aquele que não dá grandes problemas, que naturalmente não desafia as ordens e regras de seus donos, mas a coisa é muito diferente quando o peludo em questão é do tipo nervoso, ou agressivo, ou que prefere manter os donos obedientes a ele.
Eu sempre digo que é impossível para a maioria dos donos ser o modelo clássico de líder da matilha.
Eu, como a grande maioria dos donos, gosto de dar carinho, fazer cafuné, pegar no colo. Por isso me contento com uma obediência menos cega e sei que é preciso limitar o número de cães que vivem sob o mesmo teto, pois somos líderes “falhos e limitados”.
Mas esse é o preço que se paga para termos o prazer de estragar nossos peludos um pouquinho, a menos que eles sejam do tipo que dá problema.
O quê se aprende com o livro:
Talvez a coisa mais importante a ser aprendida com O Encantado de Cães é a dimensão da nossa responsabilidade com relação aos problemas comportamentais que nossos cães apresentam ao longo da vida.
É a nossa falta de tempo, a nossa falta de planejamento, a nossa falta de comprometimento com as necessidades deles, e não com os nossos desejos e necessidades que acabam causando ou piorando os problemas que tanto lamentamos e que atribuímos quase que exclusivamente aos pequenos ombros de nossos peludos.
Sim, somos os culpados! Mas o livro nos ensina a entender os instintos naturais dos cães e porque o conhecimento destes instintos é tão importante na nossa convivência com eles.
Chama a nossa atenção, o tempo todo, que só carinho, roupinhas e coleiras não tornam a vida de nossos bichos mais equilibrada, nem os tornam mais felizes, pois as necessidades primordiais de nossos cães estão muito mais ligadas a natureza e seus ciclos do que a loucura da vida urbana e as questões existências que tanto afligem os humanos.
Cesar defende com uma paixão digna de respeito que nós e não os cães somos os verdadeiros causadores dos problemas nesta relação e o livro coloca, ponto por ponto, o dedo nesta “ferida” que uma grande parcela de proprietários prefere não reconhecer.
Entenda o que é ser uma pessoa calma e assertiva e como isso influencia o comportamento do seu cão (na verdade influencia o comportamento de outras pessoas também!).
Por que o seu cão vai ser muito mais feliz sendo um membro calmo e submisso dentro da sua família e aproveite para entender que não há nada de negativo no termo “submisso” quando falamos de comportamento canino.
Através de relatos simples e concisos você pode adquirir conhecimentos que mudarão consideravelmente a sua visão sobre a psicologia canina e a maneira como você pode planejar seus atos e atividades a fim de minimizar os problemas mais comuns.
Aprenda como manter a disciplina na sua casa e o que verdadeiramente realiza e deixa um cão feliz.
Um interessante relato sobre cães que são extremamente agressivos (ilustrado por um caso real e muito triste onde uma jovem de 33 anos foi morta por dois cães nos Estados Unidos), nos leva a pensar e a refletir sobre a nossa triste realidade de mortes e ataques graves causados por cães que hoje estão sendo abandonados como nunca.
Ah!, mas nem tudo é dureza em O Encantador de Cães. Cesar cita vários exemplos de clientes importantes e influentes que ele atendeu e atende até hoje. Não deixa de ser divertido conhecer as estórias dos cachorros de Will Smith, Oprah entre outras celebridades.
E descobrir que até essas pessoas poderosas e carismáticas têm tanta dificuldade quanto nós para lidar com as vontades e manias de seus amados peludos.
E uma grata surpresa: O livro ainda esclarece a dúvida que muitas pessoas têm de por que os cães dos moradores de rua são tão dedicados e obedientes, enquanto que os peludinhos mais cheios de recursos parecem, muitas vezes, absolutamente casos perdidos.
O Por Quê do sucesso:
Lendo O Encantador de Cães (melhor ainda se você puder ver os vídeos) fica fácil perceber porque Cesar faz tanto sucesso. Seu charme, bom senso, paciência, e um toque certo entre humor e “ironia” na hora de lidar com os problemas dos humanos lhe garante a simpatia com as pessoas. Sua simplicidade, segurança, firmeza, rotina, e consistência (ele não altera a vós nem os movimentos nem mesmo quando é ferozmente atacado por um Chihuahua na primeira temporada do seu programa) lhe garante respeito e afeto dos cães.
http://www.bitcao.com.br/artigos/cesar-millan-o-encantador-de-caes.php