segunda-feira, 1 de novembro de 2010

SONHOS NOS AJUDAM A VIVER MELHOR - PARTE 2



A ciência revela que sonhar deixa a memória afiada, ajuda a lidar com as emoções e nos treina para os obstáculos da vida real

É por causa dessa ligação com a memória que o sonho acaba ajudando também no aprendizado.
O psicólogo Scott está pesquisando o tema entre alunos universitários.

Na primeira etapa do estudo, realizada durante seu mestrado, dividiu um grupo de 94 vestibulandos entre os que relataram ter sonhado com a prova e os que não.
Ele percebeu que aqueles que sonharam com o teste iam melhor.
“Mas não era qualquer tipo de sonho”, adianta Scott.

Quando o relato dizia respeito a recompensas – como festas após a aprovação – ou a situações-problema – como perder a prova ou estar impossibilitado de fazê-la –, não era observado um melhor desempenho do candidato.
O aumento no índice de aprovação acontecia entre os alunos que diziam sonhar com o conteúdo das provas.
“É como se, nesses casos, a memória do que foi estudado estivesse mais consolidada na rede neural e houvesse um melhor bloqueio das influências emocionais que bombardeiam o estudante na hora do vestibular”, relata.

O achado da pesquisa de Scott corrobora outros estudos que mostram como sonhar pode ajudar o ser humano a encontrar as melhores soluções para seus problemas.
Muitos sonhos, como no caso dos alunos que anteveem o vestibular, atuam como simuladores de realidades futuras.
“É o que chamamos de sonhos antecipatórios”, afirma Scott.
“Eles funcionam de maneira probabilística: como se o cérebro estivesse simulando uma série de situações para tentar prever qual delas acontecerá no futuro.”
É o mecanismo biológico encontrado por nós para treinar várias respostas a um determinado evento antes mesmo que ele aconteça.



É por essa razão que muitos especialistas começam a investir mais nesse poder.
“Os sonhos podem ser um manancial de soluções para as questões do dia a dia”, disse à ISTOÉ a psicóloga Deirdre Barrett, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e autora do livro “Tudo Começou com um Sonho”.

“Basta prestar atenção no que eles querem nos dizer”, completa.
Em um de seus experimentos, Deirdre pediu a 47 pessoas que, durante uma semana, pensassem em um problema pouco antes de dormir.
Ao fim do período, metade do grupo relatou ter sonhado com aquilo que havia sido mentalizado.
“A maior parte disse que o sonho continha a solução para o problema”, conta.



A pesquisa captou uma maior quantidade de soluções para conflitos de natureza emocional do que para aqueles de origem mais objetiva.

Uma explicação para isso reside no fato de que o sonho facilita nosso mergulho em compartimentos mentais jamais acessados durante o dia, como pregava Freud.

“Eles guardam relação direta com o que acontece quando estamos acordados”, diz a psicóloga americana.

“Só que nesse estado diferente de consciência nosso cérebro pensa de um modo muito mais intuitivo e visual, contrapondo-se à maneira lógica e verbal do estado de vigília”, explica.

Por meio dos sonhos, portanto, a razão sai de cena, dando lugar a conteúdos mais relacionados à emoção – e que muitas vezes são sufocados pelo nosso lado racional.

É como se o sonhador trocasse as lentes com as quais enxerga o mundo.

Essa substituição pode ser capaz de lhe trazer respostas que não conseguiria encontrar por meio da razão.

Quando se sonha, dá-se continuidade a questões emocionais importantes não resolvidas enquanto o indivíduo está acordado, e seu cérebro continua tentando resolvê-las.

“Isso acontece mesmo que não nos lembremos do sonho no outro dia”, assegura Robert Hoss.

Um achado interessante, porém, indica que, se o que vivemos durante o dia alimenta nossos sonhos, o inverso também é verdade.

A psicóloga americana Rosalind Cartwright dedica-se há algumas décadas a pesquisar como o sonho influencia o humor e as emoções. Neste ano, publicou o livro “The Twenty Four Hour Mind: The Role of Sleep and Dreaming in our Emotional Lives” (A mente vinte e quatro horas: o papel do sono e dos sonhos em nossas vidas emocionais, numa tradução livre), resultado de seus últimos trabalhos na área.

Rosalind observou que, normalmente, as pessoas têm um primeiro sonho em que predominam sensações negativas e que, ao longo da noite, os demais vão neutralizando esses sentimentos e tornando-os positivos.

Assim, ao acordar o indivíduo terá mais fresco em sua memória o “sonho bom”, que cronologicamente aconteceu por último. Isso vai influenciar seu humor pela manhã.



A primeira vez que a pesquisadora percebeu essa função reguladora do humor foi durante estudos com casais recém-separados que estavam em depressão.

Quem acordava se lembrando de sensações negativas relacionadas ao ex-parceiro – como sonhar que estava sendo punido ou rejeitado pelo outro – demorava mais tempo para superar o trauma.
Além disso, Rosalind notou que a mudança de comportamento nos sonhos também ajudava a superar a depressão.
“Quem, nos sonhos, abandonava uma atitude passiva para se tornar mais ativo também melhorava mais rápido”, afirma.

Nas investigações sobre os aspectos emocionais associados aos sonhos, os pesquisadores deram-se conta de outro benefício.
Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, sonhar repetidamente com um evento traumático não reforça as sensações negativas vinculadas ao episódio.

“As pessoas sonham muito com um trauma após sofrê-lo para que a mente tente dominar esse estímulo desagradável”, diz Elie Chenieux, professor de psiquiatria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Cada vez que o episódio traumático reaparece, novas associações são criadas, tentando torná-lo mais aceitável.
Isso vale para qualquer trauma, seja uma separação, seja um assalto ou um ataque de um cão.
“O sonho é terapêutico por si só”, afirma o professor.

Na realidade, até mesmo os pesadelos clássicos têm o poder de nos ajudar a ter uma vida melhor.
Eles são os elementos principais da “Teoria da Simulação do Perigo”, criada pelo cientista Antti Revonsuo, da Universidade de Skövde, na Suécia.

“Os pesadelos mais típicos e universais que temos mostram que nós seguimos sonhando com os perigos de nossos ancestrais”, contou Revonsuo à ISTOÉ.

Assim, sonhar com uma fera faminta correndo atrás de você seria uma espécie de resquício de tempos passados.

“Essas eram as situações de perigo mais comuns para os nossos ancestrais e o objetivo do pesadelo era que eles ensaiassem saídas para quando estivessem realmente diante delas”, analisa o cientista.

Esses riscos não fazem mais parte da vida moderna, mas nosso organismo ainda não foi capaz de se livrar dessas imagens – há outros pesadelos ancestrais que continuamos a ter, como cair de lugares altos, perder-se, ser pego por uma armadilha ou ficar exposto a fenômenos extremos da natureza, como tempestades ou dilúvios.

Isso se deve em parte ao fato de que o sistema límbico, responsável pelo sono REM, é uma parte primitiva do nosso cérebro.

“Essa região, conhecida como cérebro visceral, existe também em outros animais, até mesmo em aves”, diz Gilberto Xavier, professor de neurofisiologia da Universidade de São Paulo.
“Por isso elas também sonham.”


No mundo atual, em que o ser humano está exposto a ameaças diferentes, os sonhos perderam a obviedade, mas não a importância.

Os pesadelos continuam a nos ajudar na preparação para o enfrentamento dos obstáculos e do estresse do cotidiano.

Até porque, embora distintos, perigos permanecem a nossa frente.



Para captar a mensagem que eles nos enviam, todavia, é preciso entender a linguagem dos sonhos – mais metafórica – e ter em mente que só o próprio sonhador compreende o conteúdo que sonhou.

Nem gêmeos idênticos encontrarão o mesmo significado para os seus sonhos.
“Cada pessoa é única.

Elas são estimuladas pelo ambiente de forma diferente e têm seu próprio conjunto de símbolos, que acham mais ou menos significantes”, afirma Xavier.
Para decifrar esse conteúdo, porém, nada de dicionários de sonhos.

“Buscar o significado do seu sonho em um livro do tipo é o mesmo que tentar entender o amor por meio de textos”, brinca o psicoterapeuta Ascânio Jatobá, coordenador do Curso de Sonhos, em São Paulo.
“É melhor se apaixonar, não é mesmo?”

SONHOS NOS AJUDAM A VIVER MELHOR - PARTE 1



A ciência revela que sonhar deixa a memória afiada, ajuda a lidar com as emoções e nos treina para os obstáculos da vida real

Fechar os olhos, relaxar, dormir, sonhar.
Um ritual comum, diário, banal até.
E que, no entanto, como começam a revelar as mais recentes pesquisas da neurociência, é vital para nossa sobrevivência e tem impacto profundo na qualidade de vida.
De acordo com os estudos, para viver melhor, é preciso sonhar.
Os sonhos exercem funções biológicas fundamentais na evolução da nossa espécie: eles aprimoram a memória, ajudam no aprendizado, nos auxiliam a resolver nossa vida emocional e servem como treino para nos preparar para os desafios do dia a dia.





Na história da humanidade, é a primeira vez que os sonhos alcançam uma dimensão dessa magnitude. Desde as primeiras civilizações, buscamos entender o significado das imagens e das emoções experimentadas durante o sono – às vezes prazerosas, às vezes apavorantes.

Explicações variadas já surgiram, inclusive.
Grande parte delas relaciona-se a interpretações místicas, colocando o sonho como uma forma de nos relacionarmos com o divino.
Também já são conhecidos episódios famosos que o colocam como fonte de inspiração para a criação.

A escritora britânica Mary Shelley idealizou o personagem Frankenstein depois de sonhar com ele.
O químico russo Dmitri Mendeleiev organizou os elementos químicos na tabela periódica depois de vê-la em um sonho.

Paul McCartney sonhou com a música “Yesterday” e a compôs assim que acordou.
E o pintor surrealista espanhol Salvador Dali desenvolveu uma técnica em que usava seus sonhos para fazer seus quadros.

Não por acaso, o tema estimula mentes criativas e aparece com frequência em todos os tipos de arte, como no recente sucesso cinematográfico “A Origem”.

Porém, o entendimento mais profundo dos sonhos só começou a ganhar fôlego a partir de Sigmund Freud.
Seu livro “A Interpretação dos Sonhos”, lançado há 110 anos, representou um marco e lançou as bases da psicanálise.
Pelo entendimento do médico austríaco, os sonhos eram um modo de manifestação dos desejos reprimidos.

Somente agora, no entanto, com os progressos da neurociência, compreende-se muito mais seu papel real na vida cotidiana – a prática e a emocional.
O primeiro passo para a guinada foi a descoberta, por meio de eletroencefalogramas, de que durante o sono a atividade cerebral não se mantém constante.

Ondas cerebrais lentas são sucedidas por curtos períodos de ondas mais aceleradas, acompanhadas por rápidos movimentos involuntários dos olhos.

É o chamado sono REM (do inglês “movimento rápido dos olhos”).
Constatou-se, posteriormente, que, durante esse período mais agitado, o fluxo sanguíneo cerebral se intensifica e uma série de imagens toma conta do cérebro.
É o nascimento dos sonhos.

A partir dessa descoberta, outras foram surgindo, associando o sono à consolidação das memórias.
Observava-se, por exemplo, que a privação de sono atrapalhava o aprendizado, mas não se explicava exatamente como.
Ainda foram necessárias muitas outras pesquisas para se chegar à equação que relaciona a memória aos processos desencadeados no cérebro durante as duas fases do sono.

Para resolver esse enigma, os cientistas precisaram entender o modo como o cérebro define, em meio ao turbilhão de novos conteúdos ao qual é exposto diariamente, o que será guardado.

Uma nova informação só se torna uma memória de longa duração se passar pelo crivo de nossa mente, que precisa considerar aquilo significativo e, portanto, digno de ser lembrado.

“O que não é importante é esquecido”, explica o psicólogo Rafael Scott, doutorando em psicobiologia pelo Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN), no Rio Grande do Norte.
Selecionado o que deverá permanecer, essas lembranças começam a ser ligadas a outras, mais antigas.

É esse processo que lhes garante permanência.
“Nossa memória funciona por meio da formação de redes associativas de significado”, diz o cientista Sidarta Ribeiro, um dos fundadores do IINN.
“Quando você era criança, aprendeu que rosa era uma flor.

Depois descobriu que também era uma cor.
Quando foi para a escola, teve uma coleguinha chamada Rosa.
Mais tarde, descobriu o escritor Guimarães Rosa e que essa mesma palavra também poderia ser o nome de um livro de Umberto Eco – “O Nome da Rosa”, exemplifica.



Mas o que o sonho tem a ver com esse processo?
“É nos sonhos que as experiências importantes vividas durante o dia estão sendo associadas às memórias passadas”, explicou à ISTOÉ Robert Hoss, presidente da Associação Internacional para o Estudo dos Sonhos e diretor-fundador da Fundação DreamScience.

Ou seja: o sonho é fundamental para que essa rede de associações seja tecida.
Ele permite a migração daquilo que aprendemos durante o dia e que está no hipocampo – região do cérebro responsável pela aquisição de novos conhecimentos – para o córtex cerebral, onde é armazenado.

“É como se fosse o movimento das marés”, compara Ribeiro.
A maré cheia corresponde à fase em que as memórias atingem o córtex e, ao “esvaziar”, deixa o hipocampo livre para novos aprendizados.
Ao construir essa teia, símbolos diferentes se mesclam de acordo com sua significação ou com as emoções a eles associadas.
“É por isso que, no sonho, a pessoa Rosa pode aparecer significada como o escritor: todos estão dentro da mesma rede de associações”, esclarece o cientista brasileiro.


Rachel Costa e André Julião
A partir da Revista IstoÉ (Edição: 1780 | 23.Nov.03).

SAIBA MAIS SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DE QUASE MORTE



As experiências de quase-morte (EQMs) são tão comuns que acabaram se incorporando à linguagem cotidiana.
Frases como "minha vida inteira passou como um flash diante dos meus olhos" e "ir para a luz" vêm de décadas de pesquisas sobre essas experiências estranhas e aparentemente sobrenaturais pelas quais passam pessoas à beira da morte.

Mas o que exatamente são as EQMs?
Alucinações?
Experiências espirituais?
Provas de que há vida após a morte?
Ou são simplesmente alterações químicas no cérebro e órgãos sensoriais nos momentos que antecedem a morte?

Neste artigo, discutiremos o que torna uma experiência uma EQM e quem passa por ela. Também vamos explorar teorias espirituais, filosóficas e científicas sobre por que elas acontecem.

Definindo a experiência de quase-morte

O Dr. Raymond Moody cunhou o termo "experiência de quase-morte" em seu livro escrito em 1975, "Vida após a vida".
O livro do Dr. Raymond chamou a atenção do público para o conceito de experiência de quase-morte, mas relatos dessas experiências sempre ocorreram através da história.

"República", de Platão, escrita em 360 a.C., contém a lenda de um soldado chamado Er que teve uma EQM depois de ter sido morto em combate. Er descreveu sua alma deixando seu corpo e, do céu, viu-a sendo julgada junto com outras almas.[referência - em inglês].

Para os propósitos deste artigo, uma experiência de quase-morte é qualquer experiência na qual alguém perto da morte ou sofrendo de algum trauma ou doença que possa levar a ela percebe eventos que parecem ser impossíveis, não usuais ou sobrenaturais.
Apesar de haver muitas questões sobre as EQM, uma coisa é certa - elas existem.
Milhares de pessoas realmente perceberam sensações similares enquanto estavam próximas da morte.
O debate é se elas realmente experimentaram ou não o que perceberam.

* * *
Truque da mente
Ao invés de uma experiência religiosa, pesquisadores afirmam que o fenômeno pode ser considerado um truque da mente, causado por uma reação química no corpo.

* * *
A maioria das EQMs têm em comum certas características, mas nem sempre elas estão todas presentes, e algumas não seguem padrão algum.
Eis as características que as EQMs "típicas" têm em comum:
* sensações de tranqüilidade - essas sensações podem incluir paz, aceitação da morte, conforto físico e emocional;
* luz radiante, pura e intensa - às vezes essa luz intensa (porém não dolorosa) preenche o quarto.

Em outros casos, a pessoa vê uma luz que sente representar o Céu ou Deus;
* experiências fora do corpo (EFC) - a pessoa sente que deixou seu corpo.
Ela pode olhar para baixo e ver o corpo, geralmente descrevendo a visão dos médicos trabalhando nele.

Em alguns casos, o "espírito" da pessoa voa para fora do quarto, para o céu ou até para o espaço;

* entrando em outra realidade ou dimensão - dependendo das crenças religiosas da pessoa e da natureza da experiência, ela pode perceber esse domínio como o Céu ou, em raros casos, como o Inferno;

* seres espirituais - durante a EFC, a pessoa encontra "seres de luz", ou outras representações de entidades espirituais.

Ela pode perceber esses seres como entes queridos que morreram, anjos, santos ou Deus;



Uma experiência fora do corpo é um aspecto típico das experiências de quase-morte

o túnel - muitas pessoas que passaram por uma EQM se vêem em um túnel com uma luz no final, no qual podem encontrar seres espirituais;
comunicação com espíritos - antes que a EQM termine, muitas pessoas relatam alguma forma de comunicação com um ser espiritual.

Essa é geralmente expressa como uma "forte voz masculina", dizendo que ainda não chegou sua hora e ordenando que volte para seu corpo.
Algumas pessoas relatam que foram convidadas a escolher entre ir para a luz ou voltarem para seu corpo terreno.

Outras sentem que foram compelidas a retornar para o corpo por um comando sem voz, possivelmente vindo de Deus;
revisão da vida - essa ocorrência é também chamada de "revisão panorâmica da vida". A pessoa vê a vida inteira em um flashback.

Isso pode ser algo muito detalhado ou bastante breve.
Ela pode também perceber alguma forma de julgamento vindo de entidades espirituais próximas.

As experiências de quase-morte e experiências fora do corpo são às vezes consideradas a mesma coisa, porém há algumas diferenças essenciais entre elas.

Uma EFC pode ser um componente de uma EQM, mas algumas pessoas experimentam as EFCs em circunstâncias que não têm relação com a morte.
As EFCs podem acontecer espontaneamente ou serem induzidas por drogas ou meditação, estando, às vezes, associadas com elementos espirituais ou sensação de traqüilidade.

* * *
EQMs atípicas

Algumas EQMs têm elementos que sustentam poucas semelhanças com a experiência de quase-morte "típica".
Segundo pesquisas, algo em torno de 1% a 25% dos indivíduos não experimenta sensações de paz, não visita o céu e nem encontra espíritos amigáveis.
Ao invés disso, sentem-se atemorizados e são abordados por demônios ou duendes maliciosos.
Eles podem visitar locais que se encaixam nas descrições bíblicas do Inferno, incluindo fogo, almas atormentadas e uma sensação de calor opressivo.

Menos comuns são os relatos de EQMs compartilhadas, onde alguém ligado à pessoa que está morrendo a acompanha em sua jornada fora do corpo.
Isso pode tomar a forma de um sonho que ocorre no mesmo momento em que a pessoa estava próxima da morte.

Crianças também passam por EQM.
As muitos novas tendem a relatar experiências surrealistas com alguns dos elementos comuns das EQMs, mas à medida que elas se tornam mais velhas, o ensino religioso geralmente colore suas EQMs com uma conotação mais espiritual, tal como encontrar Deus ou Jesus.

Uma pequena porcentagem de pessoas que passaram por EQMs relatam visões proféticas que lhes revelaram o destino da Terra e da humanidade.

Trata-se geralmente de uma visão apocalíptica, mostrando o final dos tempos, mas alguns relatam visões da humanidade evoluindo em seres superiores.
Um grupo de pessoas que não se conheciam relatou que o mundo terminaria em 1988.

* * *
Relato pessoal
"Tive a sensação de estar em um lugar cercado de névoa.
Senti que estava no inferno. De um grande abismo com fumaça saíam braços e mãos tentando me agarrar... eu fiquei apavorada achando que essas mãos fossem me puxar para dentro do abismo com elas...estava muito quente lá embaixo".

Este é o relato de uma atendente de clínica de repouso que quase morreu devido a um grave derrame cerebral causado pelo calor (publicado no livro "Voltando da morte", de Margot Grey).

Ed Grabianowski. "HowStuffWorks - As Experiência de Quase Morte".
Publicado em 16 de junho de 2008.


MILAGRES CONTEMPORÂNEOS - PARTE II

Posted: 16 Oct 2010 04:00 AM PDT

Conheça as recentes histórias de brasileiros que se livraram de graves doenças sem que a medicina e a ciência encontrassem uma explicação.
O Vaticano já atribui esses casos à intervenção divina

Mauro Feitosa Júnior, natural de Fortaleza, no Ceará, é um dos casos nacionais encaminhados ao Vaticano.
Diagnosticado com um tumor maligno no cérebro em 2002, aos 13 anos (leia boxe à pag. 91), ele viu seu prognóstico se reverter em menos de um mês.
Nesse meio-tempo, seu pai, Mauro Feitosa Gonçalvez, organizou uma corrente de oração para pedir a intercessão de Irmã Dulce pela saúde de seu filho.
“Sinto que fui sequestrado por Jesus nesse tempo que o Maurinho ficou doente”, lembra, emocionado.
“E a carcereira foi Irmã Dulce, que no fim me libertou com o milagre da cura do meu filho.”
Para explicar o que aconteceu ao Vaticano, a família Feitosa se desdobra para reunir documentos médicos e comprovações religiosas – um trabalho hercúleo.

* * *


Desenganada pelos médicos

Os filhos de Antônia Marcelino, 64 anos, já tinham orçado o caixão da mãe, internada com infecção generalizada na UTI do Hospital Humanitas, em Três Pontas, Minas Gerais.
Era noite do dia 30 de maio de 2001 e o médico havia dito à família que só um milagre salvaria Antônia.

A senhora mineira tinha sido internada três dias antes para uma cirurgia de rotina, mas contraiu uma infecção hospitalar que evoluiu para um quadro de septicemia tão grave que seus órgãos pararam de funcionar.

Impotente, a família passou a rezar fervorosamente para o padre Francisco de Paula Victor, um sacerdote venerado na cidade que está no início do processo de canonização.
Já no dia seguinte ao veredicto fatal, ela começou a melhorar, até que se recuperou plenamente.

Para o médico Fernando Prado, que acompanhou o caso, o que surpreende é que ela deveria ter ficado com sequelas, tamanha a gravidade da situação, e isso não ocorreu.
A família Marcelino olha para a imagem de padre Victor em lugar nobre na sala e entende o porquê.

* * *

As razões que levam alguém a enfrentar uma verdadeira via-crúcis para comprovar uma intervenção celestial têm explicação.
“O milagre se impõe de maneira tão poderosa que acaba agindo como um grande cala a boca para os que duvidam do poder divino”, afirma Antônio Flávio Pierucci, professor de sociologia da Universidade de São Paulo (USP).
“Ele simultaneamente preenche a busca por certeza do fiel e testa o ceticismo de quem não crê.”
Nesse sentido, a intercessão sobrenatural recebida por um alimenta a esperança do outro.
E essa confiança age como um bálsamo para o fiel, mesmo que ele nunca venha a ser objeto da intervenção divina.



MISTÉRIO
O corpo de Irmã Dulce, que morreu há 18 anos, permanece intacto

São muitos os estudos que comprovam que a fé tem efeito positivo sobre a saúde.
Essa área de pesquisa, batizada de neuroteologia, tem crescido significativamente.
Está provado, por exemplo, que crer em Deus ou em algo transcendente provoca reações no organismo que reduzem a produção de substâncias como o hormônio cortisol, que, em excesso, enfraquece o sistema imunológico (leia quadro na página ao lado).

“A pessoa que ora está mais protegida”, afirma o médico Roque Savioli, autor de “Milagres Que a Medicina Não Contou” (Editora Gaia) e defensor de um diálogo mais franco e aberto entre ciência e religião.

Já um estudo de 2010 da Rush University Medical Center (EUA) apontou que a fé aumenta em 75% as chances de sucesso no tratamento da depressão.
Outro levantamento, conduzido pelo Dana-Farber Cancer Institute (EUA), mostrou que em casos de tratamento paliativo, quando o doente está em fase terminal, quem tem fé registra um índice de bem-estar 28% superior.

Para o neurocirurgião Raul Marino Júnior, professor de bioética da Faculdade de Medicina da USP e autor do livro “A Religião do Cérebro” (editora Gente), ter algum tipo de fé é sempre melhor que ser ateu.
“A vida fica sem propósito se a pessoa achar que é formada de carbono, cálcio, fósforo e magnésio”, afirma.






Mas, se por um lado o ceticismo pode ser maléfico, a credulidade excessiva também oferece seus riscos, ainda mais diante de denominações religiosas que tratam a fé como uma mercadoria e oferecem graças como moeda de troca.

O importante é não condicionar a crença à ocorrência desse tipo raro de fenômeno.
“O milagre é um sinal de Deus que deve apenas confirmar a nossa fé”, explica a irmã Célia Cadorin, maior autoridade do País em canonização.

Mesmo entre os que acreditam, paira a pergunta: por que alguns são agraciados e outros não?
A resposta oficial dos católicos vem embalada numa palavra que parece feita para impedir um segundo questionamento – a inescrutabilidade dos desígnios de Deus. Traduzindo, os propósitos divinos seriam insondáveis.

Para quem crê, o que importa é que Ele continua estendendo sua mão para a humanidade.

João Loes e Patrícia Diguê
A partir da Revista IstoÉ (Edição: 2120 | 25.Jun.10).

MORTE É NADA (DEATH IS NOTHING) - Henry S. Holland




Sermão pregado na Catedral de St Paul's, em Londres, no domingo 15 de maio de 1910.

O sermão foi pregado na sequência da morte do Rei Eduardo VII, na Inglaterra, pelo padre Henry Scott Holland (27/01/1847 a 17/03/1918).

No texto, ele xplora as respostas naturais, mas aparentemente contraditórias à morte: o medo do inexplicável e a crença na continuidade.

Este é seu texto mais conhecido, Death is nothing (A morte é nada) :

"Amados, agora somos filhos de Deus, e ele não aparece ainda o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos como Ele é.
E todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a ele, assim como Ele é puro ". - 1 João III.2, 3

Achei que todos nós pairam relação entre duas formas de morte, Que Parecem estar em contradição sem esperança uns com os outros.
Primeiro, há o recolhimento familiar e instintivo dele como a encarnação suprema e de catástrofe irrevogável ...

Mas, então, há um outro aspecto totalmente que a morte pode usar para nós.

É o que vem em primeiro lugar para nós, talvez, como nós olhamos para baixo em cima o rosto calmo, tão frio e branco, de alguém que foi muito próximo e querida para nós.

Lá está ele na posse de seu próprio segredo.
Ele sabe que todos.
Parecem saber que sentimos.

A MORTE NÃO É TUDO. NÃO É O FINAL - Rosamunde Pilcher



A morte não é tudo.

Não é o final.

Eu somente passei para a sala seguinte.

Nada aconteceu.

Tudo permanece exatamente como sempre foi.

Eu sou eu, você é você, e a antiga vida que vivemos tão maravilhosamente juntos permanece intocada, imutável.

O que quer que tenhamos sido um para o outro, ainda somos.

Chame-me pelo antigo apelido familiar.

Fale de mim da maneira como sempre fez.

Não mude o tom.

Não use nenhum ar solene ou de dor.

Ria como sempre o fizemos das piadas que desfrutamos juntos.

Brinque, sorria, pense em mim, reze por mim.

Deixe que o meu nome seja uma palavra comum em casa, como foi.

Faça com que seja falado sem esforço, sem fantasma ou sombra.

A vida continua a ter o significado que sempre teve.

Existe uma continuidade absoluta e inquebrável.

O que é esta morte senão um acidente desprezível?

Por que ficarei esquecido se estiver fora do alcance da visão?

Estou simplesmente à sua espera, como num intervalo, bem próximo, na outra esquina.

Está tudo bem.



September (Setembro, 1990)
Trecho do livro "Setembro" (Bertrand Brasil, 16a. edição, Tradução de Angela N.Machado, pág. 450).
Rosamunde Pilcher (Cornuália, 1924) é uma escritora inglesa, nascida na Cornualha no dia 22 de Setembro de 1924, falecendo aos 85 anos depois de uma carreira da qual seu mais famoso livro foi "Os Catadores de Conchas, publicado em 1987 aos 63 anos de idade.
Pilcher edita o seu primeiro livro, Half-way to the Moon, em 1949, usando o pseudônimo Jane Fraser e só após dez títulos opta pelo uso do seu nome.
A Secret to Tell, publicado em 1955, é assim o primeiro dos vinte e três romances que escreve já sob o nome de Rosamunde Pilcher.

ORAÇÃO DE SANTO AGOSTINHO



A morte não é nada.
Apenas passei ao outro mundo.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro ainda o somos.

Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.
Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que o meu nome se pronuncie em casa
como sempre se pronunciou.

Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra.
A vida continua significando o que significou:
continua sendo o que era.

O cordão de união não se quebrou.
Porque eu estaria for a de teus pensamentos,
apenas porque estou fora de tua vista ?

Não estou longe,
Somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo está bem.
Redescobrirás o meu coração,
e nele redescobrirás a ternura mais pura.

Seca tuas lágrimas e se me amas,não chores mais.

* * *
Na verdade, a passagem acima é de autoria controversa.
1. Mundialmente, em pelo menos três idiomas (inglês, italiano e espanhol), o texto é atribuído ao religioso católico argelino, radicado na Itália, Santo Agostinho de Hipona (354 a 430), em pelo menos duas versões.

2. De outro lado, é tido como um sermão pregado na Catedral de St Paul's, em Londres, no domingo 15 de maio de 1910, na sequência da morte do Rei Eduardo VII, pelo pároco da Catedral de St. Paul (Londres) e professor de Teologia da Univerdade de Oxford, na Inglaterra, Henry Scott Holland.

3. Em terceiro lugar, consta como de autoria do padre Giacomo Perico (Ranica, 1911 - Milão, 2000), um sacerdote da "Companhia de Jesus" desde 1940, organização católica especializada em questões de bioética e da vida social e familiar, fundada em 1946. Em 1960, Perico criou o "Instituto Giulio Salvadori" e suas obras mais populares tratam de aborto, ética médica e direito à vida.

4. Finalmente, um texto semelhante é encontrado no livro "Setembro" (Bertrand Brasil, 16a. edição, Tradução de Angela do Nascimento Machado, pág. 450), da autora Rosamunde Pilcher, uma escritora inglesa nascida na Cornualha (24/09/1924) e falecida aos 85 anos depois de uma carreira bissexta, em que seu mais famoso livro foi "Os Catadores de Conchas", publicado em 1987, aos 63 anos de idade.

À falta de uma fonte precisa, que credite autoria a Santo Agostinho, faço este registro para conhecimento dos leitores, eis que impossível sanar a dúvida.

A MORTE NÃO É NADA (AMOR NUNCA DESAPARECE) - St. Agostinho



O amor nunca desaparece

"O amor nunca desaparece por morte é um não-evento.

Tenho apenas se retirou para o quarto ao lado porta.

Você e eu somos os mesmos, o que fomos um para o outro, ainda estamos.

Fale para mim como você sempre tem, não use um diferente tom, não fique triste.

Continue a rir do que nos fizeram rir.

Sorria e pense em mim.

A vida significa o que sempre significou.

A ligação não é interrompida.

Por que eu deveria estar fora de sua alma, se eu estou fora da sua visão?

Vou esperar por você, eu não estou aqui, mas apenas do outro lado deste caminho.
Você vê, tudo está bem. "

Santo Agostinho
do livro "Sim, há algo que você pode fazer: 150 Preces, Poemas, e .."
Jamie Miller C - Editora Fair Winds, 2003 - 184 páginas


Oração n. 59

A morte é nada, eu só tenho escapuli para a próxima sala.
Tudo o que nós éramos uns aos outros, que ainda estamos.
Chame-me pelo meu velho nome familiar, fale comigo no forma mais fácil que você sempre costumava fazer.

Ria como sempre riu da piadas que desfrutamos juntos.
Tocar, sorria, pense em mim, reze por mim.
Deixe meu nome ser a palavra de casa que sempre foi.

Deixe-a ser falado sem esforço.
A vida significa tudo o que ele jamais significou.
É o mesmo que sempre foi, não há absolutamente inquebrável continuidade.
Por que eu deveria estar fora de sua mente, porque estou fora da sua visão?
Eu estou esperando por você, para um intervalo, em algum lugar muito próximo, apenas em torno do canto.

Tudo está bem.
Nada é passado, nada está perdido.
Um breve momento e tudo será como era antes, só que melhor, infinitamente mais feliz e para sempre - vamos ser um com Cristo.

Santo Agostinho

(fonte : http://www.mmprint.net/prayers.php)

* * *
Na verdade, a passagem acima é de autoria controversa.
No Brasil, é comumente conhecida como "Oração de Santo Agostinho", mas sem atribuição precisa da fonte e apenas indicando-a como do religioso católico argelino, radicado na Itália, Santo Agostinho de Hipona (354 a 430).
Em pesquisas, foram encontradas as duas versões acima.

De outro lado, há versões semelhantes atribuídas ao pároco da Catedral de St. Paul (Londres) e professor de Teologia da Univerdade de Oxford, na Inglaterra, Henry Scott Holland ; ao padre Giacomo Perico (Ranica, 1911 - Milão, 2000), veja aqui; e à escritora de língua inglesa Rosamunde Pilcher, em trecho do livro "Setembro" (Bertrand Brasil, 16a. edição, Tradução de Angela do Nascimento Machado, pág. 450).

PEÇO PERDÃO PELA DOR QUE CAUSEI... NÃO ME JULGUE!



"Mãe, pai, irmãs,tios e primos:
Aos poucos vou me fortalecendo após o trauma que sofri.

Não foi fácil esse encontro com os médicos do além.

Dias feitos de pesadelos e medo pelo ato que cometi, pelos pensamentos que tive, deixando-me perdido nos labirintos da dor.

Sempre recebi tanto amor de vocês, porque me deixei levar pelos pensamentos terríveis do suicídio.

Eu não estava sozinho, uma legião de obsessores me rodeava todo o tempo e eu lhes dei moradia.

Como foi difícil esse momento, quando perdemos a noção do real sentido da vida, quando esquecemos daqueles que nos amam e que amamos.

Relembrar me faz sofrer, e eu já não posso mais sentir, que parti, não querendo ir, deixá-los foi o meu pior castigo.

Sinto tanto as faltas de vocês, como se o ar estivesse acabado e eu não possa mais respirar.

As orações são o bálsamo que ameniza essa ausência, que me dá forças para seguir meu caminho além, e agradecer e ao mesmo tempo pedir perdão á Deus, pelo ato cometido.

Assim, peço á Deus que os abençoe e abençoe a todos, que de alguma forma oraram por mim.

Amados meus, pelo perdão pela dor, peço que também não me julgue, pois quero recuperar o tempo perdido.

Amo vocês de todo coração e espero voltar a me comunicar, com mais alegria e paz! Fiquem com Deus! Até breve."

Assinado : Raphael (psicografia)

PARA VOCÊ CHORAR SEUS MORTOS, OUÇA - Giacomo Perico



Se você me ama, não chore!
Se conhecesses o mistério imenso do céu onde eu vivo agora, se você pudesse ver e ouvir o que vejo e ouço nesses horizontes sem fim e nesta luz que penetra tudo e investir,
Você não vai chorar se você me ama.
Aqui agora é absorvida encantamento de Deus e reflexões sua beleza sem limites.
As coisas do passado, porém pequeno e fugaz em comparação!
Eu estava um profundo afeto por você; uma ternura que eu já conheci.
Agora, o amor que me liga profundamente com você, é pura alegria e não de noite.
Enquanto eu viver
Esperando no sereno e emocionante,
Você pensa em mim assim!
Em suas batalhas,
Durante seu tempo
de desconforto e fadiga, acho que desta casa maravilhosa, onde não há morte,
onde se saciar com transporte mais intenso.
O inesgotável amor e felicidade.
Não chores mais
Se você realmente me ama!


Extraído de: "Fica conosco Senhor!" Edições São Paulo, 2001
Prefácio Rev.mo Senhor Cardeal Carlo Maria Martini.

Padre Giacomo Perico (Ranica, 1911 - Milão, 2000), um sacerdote da Companhia de Jesus desde 1940, especializada em questões de bioética e as questões da vida social e familiar, fundada em 1946 .
Escreveu 248 artigos, relacionados à defesa da vida e à ética.

* * *
Na verdade, a passagem acima é de autoria controversa.
No Brasil, é comumente conhecida como "Oração de Santo Agostinho", mas sem atribuição precisa da fonte e apenas indicando-a como do religioso católico argelino, radicado na Itália, Santo Agostinho de Hipona (354 a 430).
Em pesquisas, foram encontradas duas versões .

De outro lado, há versões semelhantes atribuídas ao pároco da Catedral de St. Paul (Londres) e professor de Teologia da Univerdade de Oxford, na Inglaterra, Henry Scott Holland , ao padre Giacomo Perico (Ranica, 1911 - Milão, 2000), acima, e à escritora de língua inglesa Rosamunde Pilcher, em trecho do livro "Setembro" (Bertrand Brasil, 16a. edição, Tradução de Angela do Nascimento Machado, pág. 450).

VIAJORES DA IMORTALIDADE - Victor Hugo




Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Terá sumido?
Evaporado?
Não, certamente.
Apenas o perdemos de vista.
O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.
Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.
Mas ele continua o mesmo.
E talvez, no exato instante em que alguém diz: já se foi", haverá outras vozes, mais além,a afirmar: "lá vem o veleiro".

Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi".
Terá sumido?
Evaporado?
Não, certamente.

Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo.
Sua capacidade mental não se perdeu.
Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado. Conserva o mesmo afeto que nutria por nós.
Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: já se foi", no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando".

Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.

A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.
Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

A vida é feita de partidas e chegadas.
De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da imortalidade que somos todos nós.


Victor Hugo
"A reencarnação através dos séculos"
(Editora Pensamento, de Nair Lacerda

O UNIVERSO PARALELO ENTRE UMA VIDA E OUTRA



A possibilidade de vida e morte serem mais do que processos biológicos, a existência da alma e a idéia de viver várias vezes são temas que agitam discussões filosóficas e religiosas desde tempos remotos.

Os tibetanos, os egípcios e os hebreus da antiguidade tinham cada um a sua versão para o que acontecia depois da morte.

Em todas as culturas e mitologias, há referências sobre essas questões que sempre permearam a busca de identidade do ser humano.
O assunto polêmico também agita o meio científico.

Muitos estudiosos se dedicam a desvendar em laboratório o misterioso mundo do além. No final de outubro, cientistas e religiosos se reuniram em Brasília no congresso Discutindo a Morte e a Vida após Ela, organizado pela Legião da Boa Vontade (LBV).

Em pauta, estudos e análises de físicos e matemáticos de possíveis evidências registradas a esse respeito, como as visões descritas por pacientes em estado terminal, de quase morte ou coma.

“Há uma tese que diz que são alucinações geradas pela falta de oxigênio no cérebro. O problema é que existem apenas evidências e não provas desses fenômenos.
E eles podem ter explicações alternativas apesar de se repetirem da mesma forma em vários lugares do mundo”, diz Waldyr Rodrigues, professor da Unicamp, matemático e doutor em física pela Universidade de Torino, na Itália, um dos palestrantes do congresso.

O professor lembra, no entanto, que as verdades científicas são às vezes efêmeras – o que é absolutamente certo hoje pode deixar de ser amanhã.

“Muitas teorias são aceitas sem uma rigorosa avaliação só por virem de profissionais de prestígio.
Ouvimos recentemente a tese de que o universo seria finito e teria a forma de dodecaedro.

A topologia do universo é também uma coisa que não se pode provar, apenas deduzir. Por isso, erra quem diz que só acredita no que a ciência pode mostrar”, afirma ele. A contribuição dos espiritualistas passa pela busca de formas contundentes para a aceitação do transcendental, como a gravação de vozes e até de imagens de espíritos.

Mas, enquanto os religiosos e os cientistas tentam “apalpar” esse mundo imaterial, outros querem é saber o que é que se faz por lá.
Há cerca de 40 anos, em alguns consultórios de psicologia o assunto passou a ser considerado aceitável devido aos relatos de pacientes submetidos à terapia de vidas ou vivências passadas.

No tratamento, eles são levados, por indução hipnótica ou relaxamento, a reviver memórias traumáticas de supostas reencarnações.

Um vasto campo de pesquisas foi aberto pela menção da experiência em vários corpos e, passada a primeira fase de perplexidade, surgiu o interesse pelo que chamam de entrevidas – período entre uma encarnação e outra.
Se o ser humano vive várias vidas, o que faz entre uma e outra?

Segundo os pacientes, se prepara para a nova empreitada na Terra.
Muitos são levados a hospitais, outros a centros de recuperação e estudos.

Eles descrevem com riqueza de detalhes os estados emocionais, conflitos e encontros com familiares ou seres mais evoluídos.
O estágio no além foi um dos temas abordados no Primeiro Congresso Mundial de Terapia Regressiva, realizado na Holanda em junho, que reuniu 230 representantes de associações e institutos de terapia de regressão de vários países.

E sobre essa etapa espiritual também versa o recém-lançado livro Nascer, morrer, renascer (Editora Record, 240 páginas, R$ 36), da terapeuta carioca Célia Resende, 51 anos, que traz relatos de sete pacientes.

Evolução – No congresso europeu, o tema foi proposto pela psicóloga americana Linda Backman, 56 anos, que trabalha há nove com terapia de vidas passadas e há dois com o entrevidas.
A psicóloga pesquisou pormenores desse período, pedindo a seus pacientes que observassem, por exemplo, como se viam.

E a novidade apresentada é que a evolução da alma pode ser aferida por sua cor. “As mais evoluídas vão do azul ao púrpura”, afirma.

No consultório da terapeuta carioca Célia Resende, acessar o entrevidas não é uma regra.
Alguns pacientes vão de uma vida para outra sem mencionar esse intervalo.
Mas ela explica que a vida e a morte tanto quanto esse período fazem parte de uma consciência global.

“A vida atual, as passadas e o entrevidas são apenas etapas de experiências da consciência, alma ou espírito”, sugere.

Em seu livro, aparece uma visão detalhada do além.
De acordo com o relato de seus pacientes, há locais de natureza exuberante e prédios com equipamentos médicos e de comunicação altamente sofisticados.

“Eles falam de avançadas máquinas usadas na cura e regressão de memória aplicada para ajudar no autoconhecimento que antecede cada reencarnação”, explica.
As cidades espirituais possuem estações de transição e hospitais para acolhimento dos que chegam, situadas sobre diversas regiões do planeta.

Há também o que denomina de Centro de Pesquisas da Consciência, onde o espírito vê projetados em uma tela os fatos traumáticos de encarnações anteriores.
“Os orientadores também ajudam a visualizar mentalmente, como fazem os terapeutas de vidas passadas”, esclarece.

A descrição do entrevidas mostra que também, e principalmente, as decisões de aperfeiçoar as relações conflituosas são tomadas nesse período.
O estudante carioca Alexandre Maia Pastore, 24 anos, procurou o atendimento em 2001 devido a dificuldades nos estudos, mas acabou por desfazer alguns nós emocionais.

Ele não tinha amigos nem namorada e seu relacionamento com os pais era difícil.
Na terapia, descobriu que em outra vida, por coincidência, foi irmão adotivo de seu atual pai e teria fugido com a mulher dele, que é sua mãe na vida atual.

“Guardava um grande sentimento de culpa e não conseguia manter um relacionamento. Agora, estou namorando e entrei na faculdade de cinema”, comemora.
Ele conta que, após a morte nessa encarnação, foi recebido pelo irmão traído, que havia morrido antes dele e já o perdoara.

“Ao reviver esse momento, consegui me perdoar”, lembra.
Depois, foi para um hospital.
“Lá havia vários aparelhos estranhos.
Fiquei me recuperando até que me disseram que eu já estava pronto para voltar”, diz.

Eficácia – Os que passam pela experiência de assumir outras personalidades ficam fascinados em se descobrirem como soldados, sacerdotes ou simples escravos e reviverem suas dores, amores, ódios e fracassos.

Mas o que dá credibilidade à terapia é, segundo seus pacientes, a eficácia.
A maioria resolve entraves psicológicos ou de saúde que a medicina ou terapia convencional não deram conta de sanar.

Alguns chegam preocupados com o fato de as idéias reencarnacionistas não fazerem parte de suas crenças religiosas, mas logo são avisados de que isso não importa para o sucesso do tratamento.

Foi o que comprovou a americana Nicole Lerch, 45 anos, criada no protestantismo.

Ela sofria de uma tendinite crônica que a impedia de tocar violino.
Em 1997, se mudou para o Rio de Janeiro, entrou na Orquestra Sinfônica Brasileira
e se tornou professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas passou um ano sem trabalhar e só se livrou da tendinite com a terapia.

Ela se viu como um lenhador que teve o braço esquerdo amputado depois de um grave ferimento.
Um encontro no pós-morte contribuiu para que ela apagasse o registro negativo do trauma.
“Depois de um entorpecimento, encontrei Ivan, um grande amigo daquela vida.
Ele me mostrou que meu braço estava inteiro.
Eu tinha sido atingida apenas no físico e não no espírito”, relembra.

Segundo os terapeutas, mesmo que as imagens, sensações e sentimentos despertados durante o processo terapêutico não sejam lembranças reais, e sim formas representativas, elas cumprem a função de trazer para o consciente problemas mal resolvidos e traumas jogados para debaixo do tapete da mente.

De qualquer forma, já há um esforço para se comprovar cientificamente se essas memórias são verídicas ou não passam de elaboração mental.
Há três anos, o Instituto Nacional de Pesquisa e Terapia Vivencial Peres, de São Paulo, pesquisa o funcionamento do cérebro durante a terapia regressiva.

Entre os estudos, um feito em parceria com a Universidade da Pensilvânia monitorou o fluxo sanguíneo no cérebro e revelou que as estruturas mais solicitadas são as do lobo médio temporal e as do lobo pré-frontal esquerdo, que respondem pela memória e pela emoção.

A conclusão é que as histórias contadas durante a terapia regressiva não são fruto da imaginação, pois, se assim fosse, o lobo frontal seria acionado e a carga emocional não seria tão intensa.

Traumas – O instituto de pesquisas paulista adota um método próprio de regressão, criado pela psiquiatra Maria Júlia Prieto Peres, a terapia reestruturativa vivencial.
E, segundo ela, o entrevidas é sempre abordado.
“São revistas todas as fases da vida para detectar traumas que possam ter relação com a queixa do paciente.
Se ele for para uma suposta vida passada, é conduzido a vivenciar a suposta morte e o suposto período entrevidas”, diz ela.

Maria Júlia explica que também é comum a menção de momentos dolorosos neste período. Sentimentos como solidão, abandono, tristeza, ódio e paixão permanecem intactos no além.
Mas há também a referência a amigos, familiares e desconhecidos iluminados.
“Alguns falam de seres benéficos, outros de uma luz ou energia boa que os conduz a locais de repouso e recuperação”, diz a psiquiatra.
Também são descritas a visão do próprio velório e enterro e a permanência entre os vivos.

Quem viveu essa experiência foi a professora Elizabeth de Melo Massaranduba, 48 anos, de São Paulo, que procurou a terapia para curar crises de pânico.
Separada, ela tinha que tomar conta sozinha dos dois filhos.

Trabalhava em dois empregos e não aceitava a situação.
Descobriu que a revolta era um traço reincidente em sua trajetória espiritual.
Em uma de suas vidas, ela era o dono de um palácio que morreu esfaqueado, mas ficou no prédio atormentando seus moradores.

“Eu não me conformava com a morte e só saí de lá coagida.
Dois homens de branco me carregaram pelos braços.
Eu esperneava, dizendo que era amigo do rei e que aquilo não ficaria impune.
Cheguei a uma construção arredondada muito diferente.

Aí, a imagem se apagou”, conta.
Em outra passagem, dois homens mostraram que suas dificuldades faziam parte de um planejamento feito por ela mesma.
“Muito sérios, eles me levaram para um lugar amplo e claro.
Numa parede, com oito telas, vi flashes de várias vidas.
Antes de nascer, eu tinha optado por resgatar algumas faltas e estava renegando isso”, conta ela.

Segundo a psiquiatra paulista Maria Teodora Ribeiro Guimarães, com pós-graduação em análise transacional pela Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, que preside a Sociedade Brasileira de Terapia de Vidas Passadas, em Campinas (SP), é comum os pacientes se verem programando a próxima volta à Terra.

“Aí a pessoa entende por que pediu para voltar naquele contexto”, acrescenta.
A engenheira carioca Sandra Tazernari, 53 anos, descobriu que, depois de ter sido um sacerdote em uma vida, resolveu voltar à Terra em situação precária para liderar uma tribo nômade do deserto e fazê-la progredir.

“Quando deixei o corpo, me vi em um lugar muito estranho, como se fosse uma bolha, de material estranho, transparente.
Depois, já adaptada, passei a ajudar os que chegavam a se recuperar do trauma da transição”, conta.

Um ponto básico defendido pelos terapeutas é a existência de uma “sabedoria espiritual” que aparece quando se está no estado alterado de consciência, provocado pela terapia.
Nesse momento, as pessoas dizem que as muitas vidas são formas de realizar a evolução espiritual e que o entrevidas é o momento de reavaliação e de preparo para a próxima tentativa na Terra.

“Nesse período, os espíritos podem ser tratados, trabalhar, estudar e conhecer estágios de evolução diferentes.

Depois, reencarnam para testar o aprendizado”, explica a psicóloga Elaine de Lucca, de São Paulo, autora de Regressão – a evolução da terapia de vida passada (Editora NovaLuz).
Ao tentar resolver suas dificuldades de manter relacionamentos amorosos, a supervisora de atendimento Keite Gomes de Toledo, 29 anos, paciente de Elaine, não só descobriu que em muitas vidas ela desprezara quem a amava como também se viu estudando para mudar esse comportamento.

Em uma das regressões, ela era um homem rústico, que morreu ferido na cabeça.
“Me vi saindo do corpo, sentia a cabeça sangrar e doer.
Fiquei num lugar escuro com gente de aspecto negativo até que uma mulher de roupa branca apareceu.

Ela propôs que eu a seguisse, resisti por um tempo.
Quando concordei, fui para um lugar muito limpo, onde cuidaram de mim.
Depois me vi num jardim, lendo um livro”, conta ela.
Keite diz que tem consciência de que precisa ser mais receptiva.
“Estou tentando”, diz ela.

Todas essas informações sobre o entrevidas também aparecem na pesquisa feita por Joel Whitton, especialista em hipno-regressão e professor de psiquiatria da Universidade de Toronto, no Canadá, autor do livro Vida, transição, vida, editado no Brasil em 1992.

Ele chama a lembrança direta do estágio entrevidas de metaconsciência.
No estudo, 30 pacientes sob hipnose foram instruídos a datar as encarnações – o que não é comum no processo terapêutico, quando o foco são as memórias emocionais –, o que lhe permitiu até calcular o tempo entre uma encarnação e outra.
O intervalo mais curto mencionado é de dez meses e o maior, de 800 anos.

É interessante notar que, se a idéia da vida após a morte faz parte da base de religiões orientais como o budismo e o hinduísmo, esses detalhes coincidem com os conceitos defendidos pelo espiritismo kardecista.

Vários livros psicografados pelo médium Chico Xavier, morto no ano passado, mostram situações e cenários semelhantes.
É o que informa a bióloga mineira Marta Antunes, 57 anos, diretora do Departamento de Estudos do Espiritismo da Federação Espírita Brasileira, sediada em Brasília.

Ela esclarece que quanto mais evoluído, mais tempo o espírito fica no entrevidas.
“Os que chegam ao estado maior de evolução só voltam à Terra se quiserem.
Todos são submetidos ao que Alan Kardec, o codificador do espiritismo, chama de planejamento reencarnatório.
Os menos evoluídos nada escolhem, são tutelados por orientadores.
A escolha depende da evolução do espírito”, completa.

Teorias como essas soam como total absurdo para muitos.
O médico psiquiatra Carlos Byton, de São Paulo, com pós-graduação no Instituto Jung, de Zurique, acha que tudo não passa de fantasia.
“É uma projeção.
As pessoas deslocam seus problemas para outras épocas”, reduz.
Também descrente, o psicanalista italiano radicado no Rio, Giorgio Trotto, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise, é mais flexível.

“As vidas passadas são reflexo do inconsciente coletivo.
Toda a experiência de antepassados e da humanidade se acumula na mente humana ao longo de sua evolução”, propõe.
O psicanalista e psiquiatra Benilton Bezerra, professor do Instituto Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e membro do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro, diz compreender as motivações éticas para a tese da reencarnação, da qual não é adepto.
“Ela responsabiliza o sujeito pelas consequências de seus atos, como nas religiões orientais”, diz.

Enquanto as provas científicas sobre o além não aparecem, só resta o caminho da fé aos interessados em tema tão fascinante.
De qualquer forma, os bons resultados da terapia de vidas passadas não deixam de intrigar os céticos.


Celina Cortês e Rita Moraes
A partir da Revista IstoÉ (Edição: 1780 | 23.Nov.03).

MORRERAM E VOLTARAM PARA CONTAR



"Quando a gente diz que a vida continua depois da morte, há quem diga que isso não é verdade porque nunca ninguém, depois de morto, voltou para contar".

Com a idéia de explorar esta discussão, o escritor Gerson Simões Monteiro, vice-presidente da Funtarso, escreveu um livro para confortar, principalmente, os que perderam seus entes queridos, provando que milhares de desencarnados voltaram para dizer o que aconteceu com eles depois da morte, além de mostrar suas vidas nas Colônias Espirituais, como apresentado no filme “Nosso Lar”.

O que acontece depois da morte?

Como é a vida dos desencarnados nas colônias espirituais?

Que tipo de trabalho realizam?

Essas e outras respostas você encontrará em: Morreram e voltaram para contar.

Durante 57 anos, o autor pesquisou em jornais, revistas e livros, situações de quase morte ou vividas após a morte do corpo físico.

Gerson Simões também relata histórias pessoais e experiências em reuniões de materialização de espíritos, de socorro aos desencarnados, e de familiares seus que voltaram para contar.

Essa obra traz também reflexões sobre a imortalidade da alma e a perpetuidade das relações entre os seres encarnados e desencarnados.

Segundo ele, a questão de os mortos voltarem para falar com os vivos não é invenção do Espiritismo; afinal, a Bíblia está repleta de fatos.

Senão vejamos: Elias e Moisés, que eram dois mortos, voltaram para conversar com Jesus no Monte Tabor.

O Cristo, três dias após a sua morte, dialogou com Maria Madalena na porta do sepulcro, como também, ao se dirigir aos seus seguidores reunidos no Cenáculo, fez a célebre saudação “A paz seja convosco”.

O Espírito Samuel também falou com o rei Saul, aconselhando-o a não guerrear com os Filisteus, pois, caso contrário, ele perderia a vida.
Como Saul não ouviu o conselho do Espírito Samuel, morreu no dia seguinte.


Morreram e Voltaram para Contar
Gerson Monteiro - Editora Novo Ser

MÃE, SINTO A SUA FALTA



"Mãe, irmãos e familiares.
Nesse instante fui conduzido ao Centro de Recuperação após longo período em câmeras de limpeza.

Pouco sei de tudo aqui, quem escreve é um jovem que parece um anjo.
Não sei se mereço estar aqui, pelos meus erros e atitudes, talvez seja o seu amor que me auxiliou á estar nesse lugar.

Não posso dizer a senhora e á todos o que aconteceu comigo, pois nem mesmo sei.
Gostaria de ver papai, o tio, mas ainda não deu.

Só sei que sinto tua falta, de meus manos e dos amigos.
Não quero chorar, mas não dá, a saudade é imensa.
Beijos."

Assinado : Lucas (psicografia)



MINHA FILHA, NÃO SE AFLIJA COM MINHA SAUDADE

"Perdi minha filha há pouco mais de dois meses, exatamente 11 dias antes de ela completar quatro anos.

A saudade que sinto é avassaladora e como sou ser humano e ainda tenho muito que aprender, em alguns momentos os "por quês" me assombram.

Aprendi exatamente nos momentos de aflição, que tenho como demonstrar meu amor por ela, pedindo a Deus que sempre a tenha em um bom lugar que ELE sempre a diga o quanto a amo!

Peço também, para que ela não se aflija com a minha saudade e também com as minhas lágrimas, afinal sou muito limitada e a saudade é uma maneira que tenho de demonstrar o amor que sinto por ela.

Quero que ela esteja feliz!

Em todos os momentos de tristeza pela falta dela, procuro sempre fazer uma prece e, por incrível que pareça em seguida sempre me sinto melhor.

Não pergunto porque ela se foi, afinal, não somos capazes de entender os desígnios de Deus, porém, em todos os momentos que a saudade e a tristeza me abalam, peço a Deus que leve meu amor até ela e que não deixe ela se perturbar com a minha aflição.

E assim, pretendo viver a minha vida nesta terra, sem esquecê-la em nenhum momento e, peço a Deus que jamais permita que ela me esqueça e que um dia nos reencontremos.

Aos nossos entes queridos que se foram, embora, as vezes uma confusão de sentimentos se formam em nossos corações, vamos tentar transmitir-lhes paz, amor e tranquilidade, e sabemos que eles também sentem nossa falta e também precisam da nossa ajuda."

Daniela

LUTO : COMO SUPERAR A DOR DE UMA PERDA



Não é verdade!

Por que comigo?

Tudo me lembra ele.

Quem já perdeu alguém querido sabe que essas ideias passam pela cabeça.

Cada uma num momento: negação, revolta e desespero, esperança.

Cissa Guimarães está na fase do choque.

"Vou voltar a ser feliz", prometeu a atriz no programa Fantástico do dia 8.

Depois de perder o filho Rafael, de 18 anos, atropelado no dia 20 de julho, a atriz reconhece que o luto é necessário.

"Essa dor é para ser vivida, não ignorada", afirma Maria Helena Pereira Franco, fundadora e coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto, da PUC-SP.

Ninguém está dizendo que é fácil, que a tristeza tem prazo para acabar ou que tudo vai ser como antes.

"A dor isola a pessoa", diz a pedagoga Alice Lanalice, fundadora da Associação Brasileira de Apoio ao Luto.

Manter a esperança é fundamental, aceitar a morte como parte da vida e tentar adaptar essa falta ao seu dia a dia.

Tente encontrar aqui palavras de força que ajudem nesse momento.


Entrevista ao Fantástico

- "Só consigo pensar no Rafa sorrindo, lindo!
Pensar nele me dá muita saudade, mas me dá força"

- "Não quero que ninguém que não viveu isso imagine nada, porque é tão horrível que não quero"

- "Tem essa história de que Deus dá a dor a quem pode segurar.
Eu vou aguentar, mas vou transformar essa dor imensa numa coisa linda.
Pode deixar, Rafa, me dá um tempo.
Eu sei que ele não gostaria de me ver chorando"

- "Acho que nunca mais eu vou rir daquele jeito.
Mas não faz mal.
Mesmo que eu não gargalhe tanto, talvez sorria mais.
Vou rir com mais sabedoria"

- "Meu compromisso com a vida é com a felicidade.
E eu vou voltar a ser feliz.
Já estou (voltando a ser feliz).
Olho pro meu neto e é uma grande força.
Meus filhos lindos"

- "Na peça, passo 1h20 em que a Beatriz (sua personagem) me dá força.
Muito obrigada a todos, do fundo desse resto de coração que me sobrou"

A partir do site Ana Maria.

Perigosa curiosidade



Algumas pessoas são despertadas para suas vidas passadas por acaso.
Outras, por sua vez, morrem de curiosidade e nunca conseguem lembrar nadinha de suas vidas passadas.

Por quê isso acontece?
Não podemos saber com certeza, mas podemos deduzir que quem se lembra, tem um motivo para isso.
Há muitas técnicas para vivenciarmos nossas vidas passadas.
Mas, antes, porém, precisamos nos fazer uma pergunta de suma importância: essa viagem é realmente necessária?

Antes de mergulhar em águas que você desconhece — embora já tenha estado nelas, cabe a você perguntar a si mesmo se está pronto para fazer isso.

À maioria de nós adora a idéia de termos tido uma outra vida glamourosa, heróica, fantástica, em que éramos belíssimos, corajosos e pessoas muito in­teressantes.
E pra isso que estamos prontos e é isso que queremos ver.

O problema é que a maio­ria de nós, por mais lindos que tenhamos sido, cometemos erros, e são esses erros que aparece­rão pra você.

E você pergunta: por quê?
Quando espiamos a nossa outra vida estamos procurando a causa de algum "defeito" que possuímos nesta.
Ao menos, é isso o que um dispositivo misterioso de nossa mente acha.
Assim, ao invés de nos vermos exe­cutando um ato heróico, vamos ver a origem de um medo ou de um problema que nos aflige.

Você está pronto pra encarar sua face mais sombria no espelho?

Eu mesma sempre tive uma curiosidade enor­me de saber sobre minhas vidas passadas. Pesquisei e estudei até estar pronta para descobrir.
Não descobri até hoje.
Sabe por quê?

Por que temi ver a sombra ao invés da luz.
Tenho tido uma boa vida, com uma boa família e os melhores amigos que alguém poderia ter; tenho feito boas escolhas e tenho orgulho de quem sou.

Agora, se eu olhasse para mi­nha outra vida e visse que jo­guei esses mesmos amigos num calabouço, que usei pessoas para conseguir o que queria e que abandonei meu cachorro quando ele ficou velho?

Isso acabaria com minha imagem de mim mesma.
Aí nós lembramos daquela frase assustadora: "quem con­serta, é porque já quebrou".

O risco de dar de cara com criminoso no espelho é grande demais para matar uma curiosi­dade.
Por isso, desisti de descobrir quem fui e me contento em saber quem sou.
Por isso também lhe peço uma auto-análise antes de em­barcar numa terapia de vidas passadas.
Não faça por curiosidade, nem por brincadeira.

Faça ape­nas se tiver um problema sério, algo que o pertur­be e atrapalhe.
E comum que pessoas com pro­blemas de relacionamento encontrem as raízes disso em outras vidas e, vendo a causa derrepente, consigam encontrar a solução.
Como problemas sérios, considere qualquer coisa que seja um obstáculo para sua evolução pessoal.

Isso inclui problemas de relacionamentos, vocações equivocadas, incapacidade de realização profissional, problemas com a família, desvios de personalidade, problemas de saúde, medos inexplicáveis e até inabilidade de lidar com dinheiro.


Por Eddie Van Feu
Extraído da série "Wicca",n. 35 (Reencarnação), Editora Modus


VIDAS PASSADAS CASO 1 - LEIA AO LADO IMPORTANTE





VIDAS PASSADAS CASO 2 - LEIA AO LADO IMPORTANTE





VIDAS PASSADAS CASO 3 - LEIA AO LADO IMPORTANTE

Um pouco de História



O estudo da reencarnação tem recebido mui­ta atenção ultimamente, mas não chega a ser uma novidade.
Arqueólogos descobriram que, há 12 mil anos, costumava-se enterrar os mortos em posição fetal, o que le­vou estudiosos a imaginar se isso já era uma preparação para um renascimento.
Vários povos antigos da Austrália, Américas, África e Ásia também acreditam na sobrevivên­cia da alma.

Também culturas avançadas, como os egípcios, acreditavam na volta e na sobrevivência do espírito.
Dentro dos esquifes, cos­tumavam colocar textos que conta­vam virtudes e qualidades do falecido, na esperança de con­vencer o Deus Osíris a lhe dar mais vidas.
Segundo Heródoto, conhecedor das crenças egípcias, um espí­rito levava três mil anos para completar seu ciclo de vivências na Terra.

Grandes filósofos gre­gos também acreditavam na reencarnação e, dentre eles, provavelmente o mais conhecido a susten­tar essas crenças tenha sido Platão, filósofo ao século V a.C., segundo o qual a alma atinge níveis de acordo com seu conhecimento (processo descrito em Fedro).

Pesssoas que viviam com elevados padrões moral e ética tendiam a alcançar níveis superiores de existência, até chegar nos mais altos, como um ginasta ou médico (quarto nível), político (?!) ou ecomista (terceiro nível), um rei ou um guerreiro (segundo nível) e, finalmente, um filósofo, artista, músico ou apaixonado, quando então a alma poderia parar de renascer para viver em infi­nita paz e sabedoria num lugar muito legal.

Por outro lado, as pessoas que se comportassem com crueldade e mesquinharia, regrediriam para níveis inferiores, onde figuravam os tiranos e outras pes­soas socialmente inaceitáveis.

Outro grande filósofo a defender a reencarnação foi o matemático e místico Pitágoras (sé­culo VI a.C.) que dizia lembrar de suas antigas vidas.
Vivera como guerreiro de Tróia, profeta, camponês, prostituta e comerciante.
Já Orígenes foi um filósofo cristão de Alexandria, Egito, e viveu durante o século III (d.C.).

Foi um constante alvo da Igreja Católica por insis­tir em escrever e pregar um cristianismo neoplatônico, onde as almas voltariam e ocupariam corpos e posições (social, familiar, profissional etc) de acordo com seus merecimentos.
Orígenes escapou da ira dos tradicionalistas em vida, mas esta foi persegui-lo no túmulo.

No ano 400, o filósofo foi condenado postumamente pelo Papa Anastácio por suas “opiniões cheias de blasfêmias”.
Mas palavras soltas não voltam ao ninho e as crenças de Orígenes continuaram se espalhando, até que, no século VI, o concílio de Constantinopla (...) baixou um decreto de excomunhão contra ele e contra todos que acreditassem nessa idéia de “mostruosa restauração”.

No Oriente, entre hindus e budistas, é perfeitamente razoável a crença na migração espiritual, pois faz parte das religiões vigentes e, conseqüentemente, da cultura. Um dos relatos mais antigos escritos está nos Upanixades, conclusão dos Vedas (conjunto de cântigos tradicionais guardados pelos altos sacerdotes árias, povo que invadiu a Índia por volta de 1500 a.C.).

Segundo os Upanixades, a cen­telha divina, ego individual ou espírito recebe o nome de atmã, que inicia sua jornada existen­cial num estado de imaturida­de e vai evoluindo num ciclo infindável de renascimento, so­frimento e morte.

A cada renas­cer, um passo é dado em direção à evolução ou ao regresso, de acordo com as escolhas e ações da vida anterior, mudan­do-se de corpo e forma física: humana, animal e vegetal.
A meta é que o atmã evolua e, um dia, possa se unir finalmente com a fonte divina e pura de luz (Enrama).

Essa linha básica se tor­nou o fio condutor de várias religiões, entre elas o hinduísmo (Lramanismo), budismo e jainismo.
No Oci­dente, a palavra reencarnação foi introduzida no nosso linguajar por Alan Kardec, famoso francês que trouxe à luz o Es­piritismo moderno em meados do século XIX.

Além dele, pesos pesados como Helena Blavatsky, Tnomas A. Edison e os poetas Lord e William Butler Yeats engrossaram as fileiras de pessoas que falavam abertamente de um assunto que era tabu na época.

Na verdade, a reencarnação teve dois grandes inimigos.
Na Idade Média, a Igreja, que considerava este conceito uma heresia sem tamanho.
Nos modernos, a Ciência, que considerava este uma heresia sem tamanho.
Por isso, ao contrário dos orientais, demoramos muito mais compreender certas coisas.
Mas tudo tem!
Quem está com pressa?


Por Eddie Van Feu
Este é o segundo artigo de uma série de postagens, elaboradas a partir de um trabalho original de Eddie Van Feu, escritora e jornalista, que faz do assunto vidas sucessivas um tema apaixonante.
Extraído da série "Wicca", n. 35 (Reencarnação), Editora Modus

A ESPIRITUALIDADE E REENCARNAÇÃO DOS ANIMAIS



Há tempos temos recebido perguntas sobre a espiritualidade dos animais.

Para tanto, empresto as ponderadas palavras do médico veterinário Marcel Benedeti, fundador da Asseama (http://www.asseama.com.br/index.html), e que teve toda sua breve vida dedicada a esclarecer as pessoas (inclusive os espíritas) sobre a necessidade de respeitar os animais, até seu falecimento no início deste ano.

Benedeti publicou sete livros: "Todos os Animais Merecem o Céu"; "Todos os Animais São Nossos Irmãos"; "Animais no Mundo Espiritual", "A Espiritualidade dos Animais"; "Histórias Animais que as Pessoas Contam, Errar é Humano – Perdoar é Canino", "Os Animais Conforme o Espiritismo"; "Animais: Tudo o que Você Precisa Saber", e o último "Os Animais conforme o Espiritismo".

Sabemos que os animais têm espíritos e sentimentos e, como nós, estão passando por um processo evolutivo.

Nós, buscando o aperfeiçoamento moral e espiritual; eles, evoluindo nas diversas espécies.

Quanto a questão da reencarnação dos animais, no Livro dos Espíritos temos na questão 598 – A alma dos animais conserva depois da morte sua individualidade e a consciência de si mesmo? “- Sua individualidade, sim, mas não a consciência do seu eu.

A vida inteligente permanece no estado latente.”

Os animais são como nós: quando morrem, também são encaminhados para a dimensão espiritual e são acolhidos por equipes que os tratam e alimentam.

Isto porque Os animais são mais ligados aos hábitos alimentares que os humanos e, então, apesar de não precisarem para manter seus corpos físicos — que não possuem mais —, são alimentados.

Os animais são agrupados por afinidade, para evitar as disputas que são comuns também neste plano.

Eles mal distinguem as duas dimensões.

Para eles estarem aqui ou lá é a mesma coisa.

Por isso, um cão que deteste gatos, ao se deparar com um deles lá, o atacaria e o outro tentaria defender-se, usando seus instintos que estão impressos no seu corpo espiritual.

Se tivéssemos uma boa vidência, notaríamos, talvez, a presença de espíritos de animais à nossa volta, pois eles transitam facilmente entre as duas dimensões sem distingui-las.

Aliás, outro aspecto próprio dos animais é sua vidência.

Eles são naturalmente videntes.

Eles vêem espíritos de seres humanos, por exemplo, que nós mesmos veríamos com dificuldade, sem distinguir praticamente em que dimensão estão vendo.

Tanto vêem a nós quanto aos espíritos que estão ‘em outras dimensões'.

Quanto à vida dos animais entre nós, cada qual tem seu roteiro de aprendizado, e, ao final de algum estágio, é necessário iniciar outro.

E para atravessar para a fase seguinte, é necessário passar pela experiência da desencarnação.

As situações onde haja sofrimento fazem parte de seu aprendizado ou de seus donos.

Nisto não podemos interferir, assim como não o fazemos em nossa própria vida.


Mas o importante nessa dinâmica é a possibilidade de reencarnação também dos animais.

Embora não tenham o livre arbítrio dos espíritos humanos, poderão amadurecer e retornar como animais mais evoluídos, com maior grau de sociabilidade.

Este processo se repete sucessivamente e o espírito animal vai de estágio em estágio até se tornar próximo dos humanos, com quem aprenderá para que, em futuras encarnações, seja um ser humano, a princípio primitivo como os macacos, por exemplo.

Pode haver um lapso de talvez centenas ou milhares de anos antes que cheguem à fase de individualidade em que nos encontramos.

Antes de reencarnarem, conviverão muito conosco para aprenderem como agir e como pensar da forma como pensamos.

Quando se sentirem humanos, estarão prontos a estagiar em nosso meio.

Inicialmente poderão reencarnar como pessoas que têm pouco desenvolvimento intelectual, podendo ser também um tanto agressivas.

Alguns possuem instintos animais ainda muito aguçados, dando excessiva importância ao sexo e ao apetite.

Podem ser egoístas e territorialistas.

Importante é que saibamos que eles (os animais) estão próximos e continuarão ligados a nós através do pensamento.

E é justamente através de nossos sentimento que poderemos ajudá-los em sua caminhada, seja neste ou em outro plano da vida.


Marcos Grignolli
A partir do livro "Todos os animais merecem o Céu", Marcel Benedeti

A REENCARNAÇÃO E A CIÊNCIA



Embora a reencarnação seja algo convencional para os mais de 1,25 bilhões de praticantes do hinduísmo e do budismo, não é algo amplamente aceito para aqueles que não seguem uma religião oriental.

O ceticismo ocidental na reencarnação está intimamente ligado às religiões monoteístas que focam em uma única vida, uma única alma e um Deus ativo e que não depende de lei kármica.

E com alguns “desequilibrados” que anunciam vez ou outra que são a reencarnação de Cleópatra ou de Elvis, não é de se surpreender que muitas pessoas continuam a ser extremamente céticas quando o assunto é a capacidade da alma de retornar repetidamente.

No entanto, esse ceticismo geral não impediu os pesquisadores de explorarem o potencial para a reencarnação.

Dr. Ian Stevenson, um psiquiatra acadêmico, estudou a reencarnação nos Estados Unidos até sua morte, em 2007.

Stevenson fundou a Divisão de Estudos da Personalidade no departamento de Psiquiatria e Ciências Neurológicas da Universidade de Virgínia.

O laboratório, que mais tarde ficou conhecido como Divisão de Estudos da Percepção, centra-se na análise de crianças que lembram de vidas passadas, experiências de quase morte, aparições e comunicações após a morte, experiências fora do corpo e visões no leito de morte.

Stevenson, que frequentemente chamava a reencarnação de “sobrevivência da personalidade após a morte”, via a existência de vidas passadas como uma potencial explicação para diferentes condições humanas [fonte: New York Times - em inglês].

Ele acreditava que experiências passadas somadas à genética e ao ambiente poderiam ajudar a elucidar a disforia de gênero, fobias e outros traços de personalidades inexplicáveis.

Os estudos de Stevenson sobre a reencarnação focavam em crianças pequenas, normalmente entre 2 e 5 anos, que tinham fobias inexplicáveis ou apresentavam memórias detalhadas de vidas passadas.

Stevenson tentava confirmar os fatos que a criança apresentava com detalhes da vida de uma pessoa já falecida.

Ele algumas vezes fez ligações surpreendentes entre memórias e vidas.

Um menino libanês estudado por Stevenson não apenas sabia onde um estranho falecido havia amarrado seu cachorro como sabia também que o homem havia sido mantido em quarentena no seu quarto – um fato que a família atribuiu à sua tuberculose pulmonar.

Stevenson estudou 2.500 casos ao longo de aproximadamente quatro décadas e publicou livros técnicos e artigos.

Ele alegou que queria apenas sugerir que a reencarnação era plausível, e não que ele a tinha comprovado com absoluta certeza.

Apesar da advertência de Stevenson, seu trabalho foi bastante rejeitado pela comunidade científica.

* * *
Um desafio do além

Embora Stevenson nunca tenha declarado publicamente sua crença na reencarnação, ele expressou seu desejo de se comunicar após a morte.

Aproximadamente 40 anos antes de sua morte, o psiquiatra comprou um cadeado de combinação e configurou ele mesmo o código com um dispositivo mnemônico.

Ele trancou então o cadeado em um armário e o colocou na Divisão de Estudos da Percepção.

Ele falou aos seus colegas que após a sua morte tentaria passar no dispositivo mnemônico.
Desde a sua morte, em fevereiro de 2007, o cadeado, porém, não foi aberto.


Sarah Dowdey.
HowStuffWorks
Como funciona a reencarnação