quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O ARTISTA




Cartaz de divulgação de "O Artista"


Grande ganhador do Oscar em 2012, o filme é perfeito, retratando uma época incrivelmente romântica do cinema.

Uma oportunidade de reviver o tempo de um cinema simples e grandioso, na sua melhor retratação. O filme reproduz a autêntica magia do cinema, revivendo cenas onde tudo aconteceu mesmo.

Imperdível para quem gosta de cinema.

O Artista é uma história singela de amor entre um ator decadente do cinema mudo e uma atriz iniciando seu sucesso, dois extremos exatamente na transição do cinema mudo para o som.

O personagem George é uma grande estrela: atua, dança, tem um simpático cachorro artista e era a maior estrela do seu estúdio.

É bonito, carismático, boa pinta, sucesso de bilheteria e cortejado por todos.

Por sua vez, Peppy Miler é uma atriz desconhecida, cheia de vida, extrovertida e que esbarra com George num evento da estreia de um dos seus filmes de sucesso, tudo por acaso.

No filme, estamos no início da sonoridade do cinema, mas George acredita pouco nestas novas tecnologias.

Ele se recusa acreditar que o cinema mudo vai ser superado, pois segundo ele as pessoas querem vê-lo e isto seria o suficiente para ir às telas.

Rejeitando estas mudanças, George vai decaindo e, contrariamente, Peppy vai subindo no novo ambiente.


Cena de "O Artista"

O filme vai demonstrar toda a obsolescência dos anos 30; são evidentes os efeitos da depressão de 1929, mas George é orgulhoso demais e prefere rejeitar essa nova linguagem.

Peppy se apaixona por ele; é uma história de amor.

O filme talvez tenha muitas metáforas, sobretudo a de que o mundo não pára, tudo se transforma mesmo.

No sentido mais íntimo do filme, talvez seja mesmo a própria Hollywood a principal personagem do filme.

A obra nos mostra essa magia da vida do cinema, sobretudo para quem cresceu vendo filmes.


Cena de "O Artista"

O cinema evoluiu muito rapidamente naquele ciclo.

As técnicas de filmagem foram se transformando, evoluindo dos comediantes do cinema mudo (como Buster Keaton, Charles Chaplin e Harold Loyd) para estágios inimagináveis.

No entanto, foi lá naquele tempo em que os grandes pioneiros construíram uma época que se chamou da "verdadeira gramática do cinema".

O compromisso daqueles gênios foi o de construir uma linguagem que pudesse emocionar a plateia: com muita imagem, mas tudo sem palavras.

Enfim, eles queriam contar uma história, criar entretenimento com todos os ingredientes possíveis: chorar, rir, emocionar, estimular o sonho nas pessoas. Tudo entre silêncios mágicos e emocionantes.

Foi em 1929, em “O Cantor de Jazz”, com Al Jolson, que se inaugurou essa revolução da era do cinema falado, puxando um vento de mudanças que transformou o cinema.

Abriram-se as portas para que todos pudessem dançar, falar, cantar e expressar todas as formas de linguagem e de imagem.

O microfone transformou a atuação de tudo.

Assim, aparece uma transformação curiosa: os grandes astros não mostravam suas vozes e, de repente, estas suas vozes nem sempre combinavam com sua aparência.

Muitos artistas tinham boa expressão visual na tela do cinema mudo, no entanto, o som de suas vozes não eram bons ou ajustados ao tipo da pessoa na tela que todo mundo acostumou-se a ver.

Muitos foram rejeitados.

O filme é genial por conter este clima mágico.

Michel Hazanavicius dirigiu um grande filme, recuperando a linguagem característica do cinema mudo, tendo feito um filme irretocável.

Tudo parece original no filme: o ritmo, os gestos, o movimento de câmera, a expressão e o vestuário. As locações estão perfeitas no filme, os artistas são ótimos e é tudo muito bem ambientado.

O personagem George, de alguma maneira, talvez seja uma homenagem (mesmo que não confessada) de Errol Flynn, Gene Kelley e Douglas Fairbanks.

Já a personagem de Peppy Miller lembra a expressão antiga de uma Carol Lombard, Joan Crawford, Mary Pickford ou mesmo de uma Clara Bow.

A piscadela do olho dela é típica do olhar antigo, com seu chapeuzinho lindo.

Quando vocês assistirem este filme, observem a cena em que ela entra no camarim dele, o então ídolo, e coloca a mão numa das mangas e finge que ele a abraça.

É para não esquecer nunca mais.

Qualquer palavra ali simplesmente poluiria a cena.

Além de toda essa delicadeza, música, muita música, tocando o tempo todo no fundo preto e branco mágico.


Inesquecível cena de "O Artista"


The Artist - Official Trailer [HD]
http://www.youtube.com/watch?v=OK7pfLlsUQM

http://www.paulocannizzaro.com.br/

Nenhum comentário :