quarta-feira, 24 de julho de 2013

Mudanças climáticas: muito frio no sul, muito calor no norte

 



Brasil registra a maior frente fria dos últimos 15 anos

Carros cobertos de neve, multidões paramentadas com cachecóis, termômetros abaixo de zero.
O cenário, normalmente identificado com o inverno europeu, invadiu a região do Sul brasileiro no fim de semana.
O corredor de ar polar deve subir o continente, chegando até a Colômbia, Acre e Rondônia.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
Fonte: http://extra.globo.com/


Por Renato Grandelle – O Globo, 23 de julho de 2013, 06:00 horas

RIO de JANEIRO-Brasil.

Um fenômeno com esta intensidade é visto como mais um exemplo da frequência crescente com que os eventos climáticos extremos têm se manifestado no país (e no planeta inteiro).

Esta é a frente fria mais intensa vista no Brasil nos últimos 15 anos.

Mais de 30 municípios gaúchos e catarinenses registraram neve ontem, e o mesmo poderá acontecer hoje ou amanhã em (aconteceu dia 23/07, às 08:30 da manhã) Curitiba — onde não neva desde 1975 – e, no estado do Rio, em Itatiaia.

A sensação térmica é agravada por ventos que atingem até 80 km/h.

A temperatura em São José dos Ausentes nesta segunda chegou a 0,5º negativos – Félix Zucco/Agência RBS

O fluxo de ar gelado passou pelo Mar de Weddell. Esta é a região da Península Antártica com maior cobertura de gelo marítimo e que, por isso, conserva a maior quantidade de frio na atmosfera — observa o meteorologista Alexandre Aguiar, da MetSul.

A massa de ar polar é muito forte e vai passar por pelo menos duas áreas de baixa pressão no Atlântico Sul, que servirão para catapultar o ar gelado para cima no continente.

As zonas de baixa pressão são regiões onde os eventos sopram no sentido horário e normalmente estão associadas ao mau tempo e a temperaturas baixas.

Uma delas estaria perto do Rio da Prata, entre Argentina e Uruguai, e, a outra, no Oceano Atlântico Sul.

Dos Andes ao Equador

A massa de ar polar passará pelo interior do continente.

Cortará Rondônia e Acre, por exemplo, chegando até o Sul da Colômbia.

Suas barreiras são a Cordilheira dos Andes – que vai impedi-la de se expandir pelo Leste – e o ar quente na Linha do Equador.

Aguiar destaca que, nos últimos cinco anos, a frequência de frio extremo aumentou no Sul do país, comparada ao início da década passada.

Neve na cidade de São Joaquim em Santa Catarina nesta segunda-feira (22) – Anselmo Nascimento/Futura Press.

Este fenômeno deve estar relacionado à baixa temperatura do Oceano Pacífico Equatorial, o que aumentou os episódios de La Niña – opina.

Ainda é cedo para concluir a relação do que vemos agora com os prognósticos científicos, mas o clima no Rio Grande do Sul é anárquico.

Nunca sabemos exatamente o que esperar.

Vemos muito frio este ano, mas o agosto de 2012 foi o mais quente em quase um século.

Carlos Rittl, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, também menciona o fortalecimento do La Niña.

Para o ambientalista, a intensidade da nova frente fria pode colocá-la no rol de eventos extremos que marcaram o país nos últimos anos.

É difícil assinalar este evento como resultado do aquecimento global, mas os prognósticos apontam para um maior número de eventos extremos, e no Brasil esta lista está crescendo rapidamente – avalia.

Nos últimos dez anos, vimos um furacão em Santa Catarina, duas grandes secas na Amazônia e diversas enchentes no Sul e no Sudeste.

Estamos muito vulneráveis, e as autoridades ainda não estão preparadas para atender às emergências.

Nem todos os episódios seguem a lista delineada pelos climatologistas.

A intensidade de chuvas no Sul do país, por exemplo, confronta a previsão de que a região ficará cada vez mais seca.

O Paraná será palco de outro evento extremo, se as previsões forem confirmadas, e a neve chegar à região metropolitana de Curitiba.

A onda de frio que atingiu o Sul do país provocou neve na madrugada desta terça-feira (23) até nas proximidades de Florianópolis, capital conhecida pelas praias e como destino turístico de verão.
O Morro do Cambirela, em Palhoça, cidade vizinha à capital catarinense, amanheceu com o topo coberto pelo branco dos flocos.
A montanha, que pode ser vista de Florianópolis, possui cerca de mil metros de altura.

Em Itatiaia, que registrou recentemente temperaturas abaixo de zero, a neve também é incerta.

As camadas do pico fluminense são mais heterogêneas do que as das serras gaúcha e catarinense e, por isso, mais imprevisíveis.

- Pode ser que a temperatura fique abaixo de zero e haja chuva congelada (quando a água chega à superfície formando uma espécie de vidro em volta do objeto em que vai aderir) – descreve o meteorologista Marcelo Pinheiro, do Climatempo.

Mas não vivemos um momento único.

Em 1984 e 2000, por exemplo, tivemos outros episódios de massa polar que causaram frio intenso no país.

Entre quarta e quinta-feira, a temperatura na capital fluminense pode ficar abaixo dos 10 graus em locais como o Alto da Boa Vista.

A temperatura vai despencar.

Ontem, foi de 30 graus Celsius; até sexta-feira, não deve passar dos 16 graus nas regiões mais elevadas da cidade.

As tempestades diminuem a diferença entre as temperaturas máxima e mínima – explica Aguiar.

A chuva impede o aquecimento durante o dia, mas também contém o resfriamento que viria à noite.


Calor no Hemisfério Norte

Enquanto o Sul do Brasil testemunha a chegada da neve, o Hemisfério Norte sofre com uma grande onda de calor.

No Vale da Morte, na Costa Oeste dos EUA, os termômetros chegaram a 54 graus Celsius – o recorde local é de 56 graus, registrado em 1913.

O calor já atinge 21 estados.

Uma forte, atípica e persistente onda de calor atinge o reino Unido.
 
O Reino Unido, por sua vez, passa pelo verão mais quente dos últimos sete anos, e as autoridades pedem para que a população beba muito líquido e fique atenta às crianças e aos idosos, os mais vulneráveis à insolação.

Centenas de britânicos já morreram até agora por causa do calor.

Uma onda de calor atípica vem atingindo o Reino Unido.

Segundo as estimativas da London School of Hygiene and Tropical Medicine, mais de 760 pessoas teriam morrido na Inglaterra durante os nove primeiros dias do fenômeno, que fez com que o país atingisse temperaturas superiores a 30°C.

O calor intenso teve início no país no sábado (6) e deve prolongar-se até o final da próxima semana. O Gabinete Meteorológico Britânico já emitiu alerta de calor para o sudoeste do país, pedindo que crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios tomem precauções contra as temperaturas elevadas.

O alerta foi emitido nesta quinta-feira (18), após cinco dias consecutivos com temperaturas superiores a 30ºC, o que não ocorria no país desde 2006.

A onda de calor atinge principalmente Londres e o sudeste da Inglaterra.



Na Inglaterra, o país dos aquecedores, apenas 0,5% das residências estão equipadas com Ar Condicionado.

Por isso, a população tem tentado amenizar o calor apelando para bebidas geladas, roupas leves e frequentando os parques das cidades em busca de ar fresco.

Em Londres não é diferente.

Ar Condicionado é considerado artigo de luxo para prédios modernos, como edifícios comerciais e hotéis.

Muitas pessoas moram em construções antigas, reformadas após a Segunda Guerra.

Estas estruturas não suportariam tubulações, sobretudo as de Ar Condicionado.


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