quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

As Cartas de Cristo (Carta 2 - Parte 3) - Diálogos ásperos com a Mãe


As Cartas de Cristo (Carta 2 - Parte 3) - Diálogos ásperos com a Mãe
Ela chamou a atenção de meus irmãos dizendo que calassem a barulhenta discussão e virou-se para mim:

- Pode ficar aqui até que esteja melhor - disse ela.

- Talvez enquanto estiver por aqui, eu possa trazer bom-senso para você.


Posso dizer que se sair às ruas falando da forma como o fez comigo, terminará em uma situação ainda pior do que agora.

Pessoas boas vão cuspir e jogar seu lixo podre sobre você.

Você é uma desgraça para esta família.

Apesar de toda a sua raiva, ri e agradeci, beijando-a calorosamente.


Fiquei contente, sabendo muito bem que, por trás de toda essa raiva, ela estava profundamente preocupada comigo.

Alimentou-me bem e confeccionou-me boas roupas novas.

Agradeci por tudo o que ela fez para melhorar minha aparência, porque sabia que para mover-me livremente entre os ricos e pobres deveria estar com roupas decentes e adequadas.

Às vezes havia escassez de alimentos em casa.


Recorrendo ao poder do “Pai”, eu a reabastecia sem dizer nada.

Ela também não disse nada.

Eu sabia que ela se perguntava, com tristeza, se além de todos os meus péssimos hábitos eu agora também era ladrão.

Então me pegou com um pão recém-saído do forno nas mãos.


Ela sabia que eu não havia saído de casa para comprá-lo e também que o forno não havia sido usado naquele dia.

Não me disse nada, mas me olhou de forma reflexiva.

Eu pude ver então as suas atitudes mudarem.

Ela já não estava mais tão certa de si.

Ela começava a questionar a sua própria atitude em relação a mim e também a verdade acerca das minhas afirmações: “O que realmente aconteceu com ele no deserto?

 Como ele poderia fazer um pão sem usar o fogo, a farinha e o fermento?

O que isso significa?

É ele o Messias”?

Então meu irmão feriu sua mão.


Ele sentiu muita dor quando o ferimento infeccionou.

Permitiu-me colocar minhas mãos em sua ferida e fazer uma oração em silêncio.

Eu podia ver que ele sentia o fluxo do “Poder” entrando em sua mão, porque ele me olhou de forma estranha.

“A dor foi embora”- disse brevemente.

Estava mal-humorado quando se afastou.

E eu sabia que ainda que tivesse sentido alívio da dor, não havia gostado de que eu fosse capaz de ajudá-lo.

Senti seu ciúme.

Minha irmã havia queimado sua mão e outro irmão muitas vezes se queixava de fortes dores de cabeça.


Fui capaz de curar os dois.

Meus irmãos começaram a caçoar a respeito dos meus “poderes mágicos”.

Perguntavam-se que mal eu poderia fazer a eles, se me irritassem.

A tensão em casa aumentou e senti a tristeza de minha mãe, que ansiava pela paz no lar.

Mas ela viu mudanças em meu comportamento e sentiu-se reconfortada.

Eu estava mais tranquilo, visivelmente controlava minhas prováveis explosões, continha minha energia, refreava minha impaciência e já não discutia mais.

Tornei-me mais atencioso, ouvindo suas queixas de mulher, ajudando-a em casa, consertando os móveis quebrados, caminhando pelas colinas até fazendas distantes para encontrar as frutas e verduras que ela queria.

Cheguei a amá-la com ternura e compaixão, como uma mãe deve ser amada.

Um dia ela se aventurou a perguntar-me:

- Você ainda acredita que Jeová seja um mito?

- Jó disse que, se Jeová retirasse sua respiração, toda a carne viria abaixo.


Este é o “Jeová” que vi e em quem acredito.

- Ninguém viu a Jeová! - disse ela com firmeza.

- Eu vi AQUELE que criou todas as coisas - respondi calmamente.


Eu O chamo de “Pai” porque ELE é AMOR PERFEITO; um AMOR mais perfeito que o de uma mãe - acrescentei, sorrindo para ela.

ELE trabalha dentro, através e para toda a SUA criação.

É o “Pai” em mim quem tem trazido as coisas de que você necessita em casa e que curou a meus irmãos e irmãs tão rapidamente.

Eu podia ver que ela estava começando a entender um pouco do que eu dizia.

- E o que é o “castigo”? Perguntou-me.

- Não existe “castigo” da forma como o compreendemos.

Nascemos para nos comportarmos da forma como o fazemos.
Temos que encontrar uma maneira de superar nossos pensamentos e sentimentos humanos, porque estes nos separam da proteção do “PAI” e nos trazem as doenças e a miséria.
Quando tivermos aprendido a superar o “eu”, então entraremos no Reino dos Céus.

Minha mãe afastou-se silenciosa, claramente ponderando sobre o que eu dissera, mas não mais com raiva.


Eu sabia que ela estava meditando sobre minhas afirmações e percebi que eu estava colocando de cabeça para baixo o seu seguro e bem conhecido mundo.

Ela se sentia perdida e insegura sem a sua crença num Jeová ameaçador e terrivelmente vingativo, se a humanidade fosse indisciplinada.

Perguntava-se no que o mundo iria se tornar se dependesse inteiramente dos homens controlarem as suas maldades e a dos outros.

Mesmo os Reis e governantes eram malvados em suas ações.

Sem Jeová para reinar e castigar os pecadores, onde iríamos parar?

Enquanto restabelecia minhas forças, estudei as Escrituras cuidadosamente, para que pudesse encontrar-me com os Fariseus e Escribas de forma confiante.


Também era absolutamente necessário que eu soubesse o que havia sido escrito a respeito do Messias porque estava convencido de que eu era “aquele” sobre quem os profetas haviam falado.

Eu poderia verdadeiramente resgatar - salvar - as pessoas da doença, miséria e pobreza, restaurar-lhes a saúde e a prosperidade, ensinando a verdade a respeito do Reino dos Céus e a Realidade do “Pai”.

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