sábado, 10 de novembro de 2012

MARCEL SOUTO FALA SOBRE KARDEC E ESPIRITISMO



O escritor e seu livro mais famoso





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reproduzimos a seguir uma entrevista com o escritor e jornalista Marcel Souto Maior, autor dos livros As Vidas de Chico Xavier (2003), Por trás do véu de Ísis (2004) e As Lições de Chico Xavier (2005).
Marcel, que viu na biografia do médium Chico Xavier a possibilidade de um trabalho de rica pesquisa jornalística, fala do que descobriu sobre o tema, de como o Livro dos Espíritos lhe influenciou nas pesquisas e da figura e a importância de Allan Kardec para o Espiritismo, assunto a que volta e meia ele retorna: "Não tenho nenhuma religião, mas tenho fascínio por este tema: a fé...", diz.

Atualmente, ele prepara o lançamento de um novo trabalho, a biografia de Allan Kardec, cujos originais já foram entregues à sua editora.

Como você avalia a evolução da fé espírita no País?
 
A cada ano, cada livro e cada filme lançados, o Espiritismo atrai novos adeptos e admiradores.
O Brasil já abriga mais de 10 mil centros espíritas kardecistas.
Cada “casa” destas funciona como um centro de estudos e divulgação do espiritismo e como um pólo de solidariedade.
Uma rede cada vez mais ativa e integrada.
Hoje mais de 5 milhões de brasileiros já se declaram espíritas kardecistas nas pesquisas do Censo...
O número de simpatizantes é estimado em 30 milhões só no Brasil.

Seus livros sobre o tema Espiritismo foram lançados no início dos anos 2000.
Agora eles voltam a ser lembrados e comentados a partir do lançamento de alguns filmes nacionais.
Você identifica um novo interesse da sociedade brasileira em relação às questões espíritas?
A que se atribuiria esta "retomada" do assunto?
 
O lançamento de filmes e livros, o destaque dado a Chico Xavier no ano de seu centenário – todos estes “eventos” ajudam e muito.
Mas por trás desta retomada existe uma questão maior: uma imensa esperança de que a vida seja mais do que este nosso dia-a-dia estressante, às vezes sem sentido, rumo ao fim.

Estamos todos condenados à morte ou a vida continua?
 
O Espiritismo aposta na melhor hipótese e, por isso, mobiliza tanta gente.

Você já declarou, algumas vezes, que não é espírita, e que sua abordagem sobre o tema sempre foi do ponto de vista jornalístico.
Por conta deste distanciamento, e mesmo por ter partido do "zero conhecimento" para chegar ao que hoje você dispõe, o que você acha que leigos no assunto não deveriam ignorar?
Há alguma "descoberta" sobre o Espiritismo que acha que seria bom que todo mundo soubesse?
 
Nestes 15 anos de pesquisa – e de investigação jornalística - , encontrei fraude e auto-sugestão neste território movediço onde “vivos e mortos” se cruzam, mas deparei também com histórias impressionantes, desconcertantes e inexplicáveis pra mim.
Histórias que conto na introdução de “As Vidas de Chico Xavier” e no livro “Por Trás do Véu de Ísis”.
A conclusão a que cheguei é esta: existe fraude e má-fé sim, mas existem verdades que devem ser encaradas por todos nós – inclusive pela ciência – com mais coragem e menos preconceito.
O que o motivou a pesquisar e escrever sobre figuras e temas do Espiritismo?
 
Foi interesse jornalístico mesmo.
A história de Chico é irresistível.
Ele escreveu mais de 400 livros, vendeu mais de 20 milhões de exemplares e doou toda a renda dos direitos autorais a instituições beneficentes.
“Os livros não me pertencem.
Eu não escrevi nada.
Eles – os espíritos – escreveram”, repetiu ao longo de toda a sua vida, enquanto era atacado, perseguido e até processado.
Aos que diziam que mais cedo ou mais tarde ele cairia, desmascarado como fraude, por exemplo, Chico dizia: “Não vou cair porque nunca me levantei”.
Morreu na cama estreita de seu quarto simples em Uberaba.

Como O Livro dos Espíritos marcou a sua pesquisa?
 
O Livro dos Espíritos é fundamental para quem quer entender a origem, a lógica e o sentido da Doutrina Espírita.
Li e reli várias vezes para conseguir decifrar Chico Xavier.
Durante toda a vida ele se dedicou a seguir os principais valores descritos/defendidos no livro de Allan Kardec: a fé na vida depois da morte, o valor da caridade, a importância do trabalho em favor do outro.

Você já falou do potencial de Chico Xavier como personagem de uma pesquisa jornalística.
E Allan Kardec?
Como vê este "personagem"?
 
É outro personagem muito forte.
Eu resumiria a história dele com poucas palavras: “Ele nasceu Hippolyte Léon Denizard Rivail na França do século 19.
Sempre foi cético. Um professor respeitado em seu tempo, discípulo do educador Pestalozzi.
Até que mesas começaram a girar e mensagens passaram a chegar de muito longe...
Com 54 anos, depois de testemunhar estes fenômenos – batizados de “mesas girantes” -, Rivail mudou de vida e de nome.
Tornou-se Allan Kardec para dar voz aos espíritos...”
A história de Kardec é a história de uma conversão.

O trabalho com o tema Espiritismo modificou sua forma de encarar o mundo/as pessoas/questões relativas à espiritualidade?
Você passou a acreditar em algo em que não acreditava antes?
 
Eu era um “cético absoluto” quando me aproximei de Chico Xavier pela primeira vez.
Hoje digo que minha fé “não é consolidada”, é cheia de altos e baixos...
Às vezes acredito na possibilidade da “vida depois da morte”, às vezes duvido totalmente, mas esta nova “posição” já é um avanço para quem não acreditava em absolutamente nada há 15 anos.

Qual a sua crença religiosa?
 
Não tenho nenhuma religião, mas tenho fascínio por este tema: a fé.
 
 

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