quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Criança Inteior e Sua Magia

A Criança Inteior e Sua Magia

 
Não existe nenhum grande segredo para levar-se uma vida mágica.
Ela não se adquire por meio de feitiços e encantamentos ou por rituais e fórmulas complicadas.
Tampouco se pertence ao mundo mágico fugindo das responsabilidades da vida cotidiana e de nossa participação diária nesse processo.
Basta estar suficientemente aberto às possibilidades infinitas de renovação que cada manhã traz.
Mas isto só é possível quando compreendemos que o crescimento e a maturação só ocorrem a partir do momento em que deixamos de negar ou ignorar a Criança Interior.

Quando éramos crianças, o mundo apresentava um encanto especial.
Cada dia era um convite à aventura e aos prodígios.
Tudo e todos eram especiais.
Qualquer coisa que imaginássemos se tornava real – quer se tratasse de um fantasma, de uma espaçonave ou mesmo de uma fada.
Tudo o que queríamos era possível.
Podíamos ser índios pela manhã, caçadores de tesouros ao entardecer e companheiros de brincadeiras com um unicórnio pela noite.
Não havia limites ou fronteiras.

Nessa época, a distância que separava nosso mundo daquele que hoje chamamos imaginário não ultrapassava o armário do quarto ou o quintal dos fundos.
Cada haste de relva e flor possuía uma história a contar.
Porém, as atribulações da vida moderna fizeram com que não mais enxergássemos com os olhos infantis, e hoje zombamos dos que assim fazem.

O universo tecnológico das conveniências modernas nos tornaram menos sensíveis aos matizes da natureza e edificamos fronteiras ao nosso redor para nos afastarmos daquilo que não compreendemos direito.
Embora nossas vidas pareçam seguras e protegidas, perderam muito do encanto.
Será que isto valeu a pena?
Veja a vida ao seu redor e responda você mesmo.

Esquecemos que existe muito mais entre o céu e a terra do que podemos perceber no círculo delimitado por essas fronteiras.
É fácil erigir um sentimento artificial de satisfação e segurança em torno de uma vida certinha e sem graça; é possível até ignorar o tédio e a mediocridade das limitações.
Muitos temem sair em busca de coisas que afinal podem nem existir; desistem de partir ao encalço de “sombras” e dizem para si: “É melhor me contentar com o que tenho à mão, pois mesmo que haja coisas maravilhosas por aí afora também deve haver muitos perigos, então é melhor nem...”

Esse tipo de postura é bastante triste, pois esmaga a curiosidade e as promessas de renovação que os sonhos trazem.

O medo trava a porta que conduz à vida mágica.
Silencia os riachos e pára o vento.
Foi por causa dele que passamos a perceber animais e plantas como algo separado de nós.
Nossos temores nos fazem tomar o modo de vida humano como o único padrão real e possível, então a natureza deixa de ser um reino encantado.

A abordagem cósmica da ciência moderna constantemente nos induz a crer que cada objeto ou processo que existe no universo físico é um fenômeno isolado e não pertence a um todo global. Assim, a natureza dissocia-se do sagrado e nossa habilidade de sentir compaixão por tudo que há na Terra diminui, como tem diminuído de fato.

Somos a encarnação de Gaia.
Possuímos um parentesco direto com tudo o que há sobre a Terra, visível ou invisível, animado ou inanimado.
E para poder vivenciar plenamente esta interligação em todos os seus níveis, precisamos interiorizar o nosso foco perceptivo.
Entretanto, isso é bastante difícil num mundo em que a ênfase está voltada para o superficial, e onde a vida assumiu desproporções antinaturais.

Carecemos de transformar nossa autopercepção e de nos tornarmos conscientes de ser uma força viva que caminha, vive e respira.
Devemos perceber que cada pequeno toque é um passe de poder que pode ferir ou curar. Compreender que toda palavra proferida constitui uma corrente energética tangível que amaldiçoa ou abençoa aqueles a quem é dirigida.
Aprender a enxergar o mundo sob o prisma daqueles com quem convivemos e a reverenciar o alento da vida em cada ser como uma manifestação sagrada.
E, acima de tudo, perceber que famílias não se restringem àqueles que crescem sob um mesmo teto.

Devemos conservar sempre em mente aquele antigo axioma que diz: “nenhuma esperança, sonho ou desejo nos é dado sem os meios e oportunidades de realizá-los; só o comodismo pode destruí-los.”
A fim de levar uma viva mágica precisamos estar prontos a sacrificar a monotonia e os preconceitos.

A abertura aos reinos ocultos da existência e seus recursos pode gerar novo impacto em nossas vidas e meio ambiente.
Faz com que desenvolvamos nossa capacidade inata de trabalhar com as energias da vida em seus múltiplos níveis.
Ai então aprendemos a entrar em sintonia, a nos fortalecer e transmutar o que precisa ser transmutado.
Os indícios do espantoso poder da natureza se encontram ao nosso redor e no nosso próprio interior. Cabe a nós tomar a decisão de trabalhar em harmonia com ele para criar e construir ou até para nos separar dele e destruir.
A escolha é inteiramente nossa.

Estes reinos encantados só continuam a existir porque a Criança Interior nunca morre.
Os portais se tornaram nebulosos e obscuros, mas podem ser encontrados.
Ainda subsistem aventuras nobres e dignas de serem vivenciadas.

Há árvores que falam e cavernas que conduzem a reinos subterrâneos.
E sempre haverá fadas, elfos e duendes dançando com a natureza enquanto encontrarem espaço em nosso coração.

Que seus olhos se abram
E seu coração transborde.
O que encanta também protege.
Você nunca deve esquecer!

Ted Andrews –
O Encanto do Mundo das Fadas –
Editora Record/Nova Era

 

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