segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O amor não seleciona


Era um casal sem filhos.
Os anos se somavam e, por mais tentassem, a gravidez nunca se consumava.
Aderiram a sugestões e buscaram exames mais sofisticados que lhes apontaram, enfim, a total impossibilidade de um dia se tornarem pais dos próprios filhos.
Optaram pela adoção e se inscreveram em um programa do município, ficando à espera.
Certo dia, a notícia chegou inesperada pelo telefone : temos uma criança.
Vocês são os próximos da lista.
Venham vê-la."
Rapidamente se deslocaram para o local.
Pelo caminho se perguntavam: "como será o bebê?
Louro?
Cabelos castanhos?
Miúdo?
Olhos negros?
Menino ou menina?"
Tal fora a alegria na recepção da notícia, que se haviam esquecido de indagar de detalhes.
Vencida a distância, foram recepcionados pela assistente social que os levou ao berçário e apontou um dos bercinhos.
O que eles puderam ver era uma coisinha miúda embrulhada em um cobertor.
Mas a servidora pública esclareceu: "trata-se de um menino.
É importante que vocês o desembrulhem e olhem.
Não sei o que acontece pois vários casais o vieram ver e não o levaram.
Se vocês não o quiserem, chamaremos o casal seguinte da lista."
Marido e mulher se olharam, ele segurou a mão dela e falou: "querida, talvez a criança seja deficiente ou enfermo.
Pense, se fosse nosso filho, se o tivéssemos aguardado nove meses, se ele tivesse sido gerado em seu ventre, alimentado por nossas energias, o amaríamos, não importando como fosse.
Por isso, se Deus nos colocou em seu caminho, ele é para nós e o levaremos, certo?"
A emoção tomou conta da jovem.
Estreitaram-se num amplexo demorado.
É nosso filho, desde já."
Foi a resposta.
A enfermeira lhes trouxe o pequeno embrulho.
Era um menino de cor negra.
A desnutrição esculpira naquele corpo frágil uma obra esquelética, com as miúdas costelas à mostra.
Levaram-no para casa.
A primeira mamada foi emocionante.
O garotinho sugou com sofreguidão.
Pobre ser!
Quanta fome passara.
Talvez fosse a primeira vez que bebesse leite.
No transcorrer das semanas, o casal descobriu que o pequeno era um poço de enfermidades complicadas.
Meses depois, foi a descoberta de uma deficiência mental.
Na medida em que mais problemas surgiam, mais o amavam.
Já se passaram cinco anos.
O garoto, ao influxo do amor, venceu a desnutrição e as enfermidades.
Carrega a deficiência, mas aprendeu a falar, embora com dificuldade, e todas as noites quando se recolhe ao leito, enquanto os pais o ensinam a orar ao Senhor Jesus, em gratidão pelo dia vencido, ele abraça, espontâneo a um e outro e diz: "mamãe, papai, amo vocês."
Haverá na Terra recompensa maior do que a que se expressa na espontaneidade de um espírito reconhecido na inocência da infância?
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Você sabia?
Você sabia que o filho deficiente necessita muito dos pais?
Que todo espírito que chega ao nosso lar com deficiência e limitação necessita do nosso amor para que se recupere e supere a própria dificuldade?
O filho deficiente é sempre compromisso para a existência dos pais.
Amemos, pois, os nossos filhos, sejam eles jóias raras de beleza e inteligência ou diamantes brutos, necessitados de lapidação para que se lhes descubra a riqueza oculta.
Momento Espírita

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